Agosto tem menor desmatamento na Amazônia da série histórica
Pará foi campeão de devastação em agosto; Mato Grosso e Rondônia aparecem a seguir. Expectativa é de tendência de queda para setembro
Publicado 03/10/2011 - 14h49
De acordo com a ministra, os dados do desmatamento da Amazônia em setembro deverão manter a tendência de queda do ritmo da devastação (Foto: Wilson Dias / Agência Brasil)
São Paulo – O desmatamento na Amazônia alcançou 164 quilômetros quadrados em agosto, informou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Na comparação com agosto de 2010, o ritmo de derrubadas caiu 38%. O Pará foi responsável por quase um terço do total, 52,8 quilômetros quadrados.
O número total é o menor registrado para um mês de agosto desde o início da série histórica do sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), em 2004. Também houve queda na comparação com julho, quando o Inpe registrou a derrubada de uma área equivalente a 225 quilômetros quadrados.
O Pará tem liderado o ranking mensal de desmatamento desde junho, segundo o Deter. Mato Grosso e Rondônia vêm a seguir, com 47,8 e 22,92 quilômetros quadrados, respectivamente. De janeiro a agosto de 2011, o pior resultado é de Mato Grosso (769 quilômetros quadrados devastados), por causa de um pico, em abril, que motivou o governo estadual a implantar um gabinete de crise e reforçar as operações de fiscalização na região.
“O resultado significa que as ações que foram adotadas de abril para cá – quando houve um pico de desmatamento (concentrado no Mato Grosso) – como a instalação do gabinete de crise e o envio de fiscais para os estados, tiveram impacto muito grande, porque vêm garantindo redução mensal do desmate”, avaliou nesta segunda-feira (3) o diretor de Políticas de Combate ao Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente, Mauro Pires.
De acordo com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, os dados do desmatamento da Amazônia em setembro deverão manter a tendência de queda do ritmo da devastação. “A avaliação preliminar e a avaliação em campo feitas pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) sinalizam que o (desmate registrado pelo) Deter de setembro será menor. A tendência de queda deve se manter, os dados são muito positivos”, adiantou.
O Deter, que revela dados mensais, monitora áreas maiores de 25 hectares e serve para orientar a fiscalização ambiental. Além do corte raso (desmatamento total), o sistema registra a degradação progressiva da floresta.
A taxa anual de desmate é calculada por outro sistema, o Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes), que é mais preciso, por avaliar áreas menores. Em 2010, a taxa anual foi 7.000 quilômetros quadrados, segundo dados consolidados nesta segunda-feira (3) pelo Inpe.
A estimativa preliminar, divulgada em novembro de 2010, era 6.451 quilômetros quadrados. De acordo com o coordenador do programa Amazônia do Inpe, Dalton Valeriano, a diferença de 8,5% entre a estimativa e a consolidação da taxa de desmatamento está dentro da margem de erro.
Na avaliação da taxa de desmatamento anual, o Pará também lidera, por ter desmatado 3.770 quilômetros quadrados, mais da metade do total. Na prática, houve queda em todos os outros oito estados da Amazônia Legal, menos no Pará. O estado tem 16 municípios na lista das 48 cidades que mais desmatam o bioma.
“Toda estimativa tem uma margem de erro de 10% admitida. Nos últimos quatro ou cinco anos, as estimativas têm ficado aquém do consolidado. Significa que o desmatamento está se pulverizando, novos focos estão aparecendo”, avaliou. Izabella Teixeira defendeu mais articulação com as prefeituras para combater o desmatamento, principalmente as derrubadas menores, espalhadas em pequenos polígonos, mais difíceis de identificar pelos satélites que medem a devastação.
Apesar da correção para cima, a taxa de 2010 ainda é a menor registrada pelo Inpe desde o início da série história do Prodes, em 1988.
Em novembro, o Inpe deve divulgar a nova estimativa de desmatamento anual, com dados para o período entre agosto de 2010 e julho de 2011.
Com informações da Agência Brasil