Para Ivan Valente, tensão sobre Código Florestal pode impedir votação também na próxima semana

Parlamentar do PSOL critica conduta do governo e vê oportunidade para se discutir mais as mudanças propostas na legislação

Valente considera que o adiamento ajuda no debate e alerta que ausência de Marco Maia, presidente da Câmara, deve dificultar votação na próxima semana (Foto: Fred Amorim/Agência Câmara)

São Paulo – No dia seguinte aos bate-bocas na Câmara dos Deputados no debate sobre o novo Código Florestal, o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) avaliou que o tema pode demorar até mais tempo para ser apreciado pela Casa. Ele defende mais tempo para o debate e acredita que a tensão produzida na quarta-feira (11) pode impedir a votação também na próxima semana, para quando foi transferida.

Valente acredita que o adiamento ajuda no debate para a tomada de consciência da população e a intervenção dos argumentos científicos. “Eu continuo defendendo que nós devemos adiar por mais tempo, mas entendo também que o governo não pode continuar em cima do muro, querendo ganhar sempre. Ele vem seguindo os ruralistas constantemente e o resultado foi este (as polêmicas na votação de quarta-feira).”

O deputado do PSOL ressalta ainda as impossibilidades de se votar os textos nos próximos dias. Ele afirma que a situação está fora de controle e muita tensa, também o fato da ausência do presidente da Camara, Marco Maia (PT-RS), que passará a próxima semana em viagem ao exterior, dificulta ainda mais a votação de um texto que não tem um mínimo de consenso.

Críticas a Aldo

O que ocasionou as discussões e a indefinição na votação foi o desconhecimento dos relatórios, o definido em consenso entre o relator e o governo durante a tarde. O texto apresentado em plenário estaria modificado, segundo constataram e acusaram deputados petistas durante a sessão.

“É um desrespeito à Câmara, aos deputados e aos partidos que têm e querem ter o direito de saber qual o conteúdo do relatório final, antes de ser levado a plenário”, pontua Valente. Ele evita qualificar a conduta do relator do projeto, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), mas não poupa críticas à forma como ele e o Palácio do Planalto conduziram o tema.

“Ninguém sabe ao certo qual foi o acordo feito pelo governo com o relator. Eu não tive acesso ao relatório que o PT chamava de original, e o outro, que foi ao plenário, resultou nos questionamentos”, descreve.

O deputado do PSOL relatou que o desconforto foi generalizado na sessão. De um lado, as impressões do líder do PT, Paulo Teixeira (SP) e de alguns deputados da bancada governista, acusavam Aldo Rebelo de trocar a palavra “recomposição” por “regularização” na parte do texto que se refere à dispensa de recomposição da reserva legal. De outro lado, a insatisfação da bancada ruralista foi em relação à possibilidade de aceitar que a regularização das Áreas de Preservação Permanente (APPs) à margem de rios sejam feitas por meio de decreto da presidenta Dilma Rousseff.

“Entao, em um primeiro momento todo mundo votaria contra a retirada de pauta do nosso projeto, mas como o governo e o PT se sentiram enganados pelo texto final. Eles passaram a apoiar a retirada de pauta e convenceram os líderes da base aliada PMD, PP, PTB a também retirar para que se começasse uma nova negociação”, relata Valente.

O deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ) conta que também não percebeu a possibilidade de ter havido mudanças no acordo por desconhecer o teor das negociações. “Quem descobriu foi o próprio PT. Nós estávamos ali achando que ja íamos perder a votação, que íamos tentar fazer as possíveis emendas. Quando de repente o PT descobriu que eles tinham sido enrolados.” Sirkis afirma que ficou surpreso quando o deputado Candida Vacarezza interviu favoravelmente ao adiamento da votação. Aquele foi o momento da confusão.

Enquanto se discutia a votação, Aldo Rebelo usou o microfone para defender que a fala de Paulo Teixeira havia prejudicado a votação. O deputado se irritou também com a ex-senadora e ex-ministra Marina Silva (PV). Presente à Casa, ela escreveu em seu Twitter que a nova versão continuava “cheia de pegadinhas”.

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