ONU fará negociação climática extra em abril na Alemanha

A Organização das Nações Unidas (ONU) realizará em abril uma sessão extraordinária das negociações climáticas globais em Bonn, na Alemanha, mas é cedo para dizer se haverá um novo tratado […]

A Organização das Nações Unidas (ONU) realizará em abril uma sessão extraordinária das negociações climáticas globais em Bonn, na Alemanha, mas é cedo para dizer se haverá um novo tratado sobre o tema, depois do relativo fracasso da cúpula de dezembro em Copenhague, disse a Dinamarca nesta segunda-feira (22).

“As negociações estão voltando a ganhar velocidade depois de Copenhague”, disse à Reuters por telefone a ministra dinamarquesa do Clima e Energia, Lykke Friis, que preside as negociações da ONU.

De acordo com ela, representantes de 11 países importantes decidiram numa reunião de um dia na sede do Secretariado de Mudança Climática da ONU, em Bonn, acrescentar uma sessão extraordinária envolvendo todos os 194 países nessa cidade alemã, entre 9 e 11 de abril.

“Houve uma atmosfera positiva e construtiva, e todas as partes estavam ávidas por avançarem com as negociações”, disse ela, relatando o primeiro encontro formal desde Copenhague. 

Até agora, o calendário se limitava a sessões oficiais em Bonn entre 31 de maio e 11 de junho e a discussões ministeriais em Cancún, no México, de 29 de novembro a 10 de dezembro. A conferência de Copenhague, em contraste, havia tido cinco sessões preparatórias.

Friis disse que é impossível saber se haverá a definição de um novo tratado climático até o final do ano, para substituir o Protocolo de Kyoto a partir de 2013. “Estamos trabalhando por um acordo em Cancún, mas ainda é cedo demais para dizer”, afirmou.

A despeito das grandes expectativas, a conferência de Copenhague terminou apenas com uma declaração de caráter político, estabelecendo como meta uma limitação da temperatura média do planeta em 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais, além de verbas — num primeiro momento de 10 bilhões de dólares por ano — para ajudar os países em desenvolvimento a se adaptarem à mudança climática.

Muitas nações veem com pessimismo a conferência de Cancún, em parte porque a legislação dos EUA sobre o controle de emissões parece estar parada no Senado. A Casa Branca quer reduzir suas emissões de gases do efeito estufa em 17 por cento até 2020, em relação aos níveis de 2005.

Em Nusa Dua, na Indonésia, o chefe do Programa de Meio Ambiente da ONU disse que as nações em desenvolvimento poderão dentro de três meses se candidatar a parte da verba de 30 bilhões de dólares prometida em Copenhague pelos países ricos para o período de 2010 a 2012. 

As regras para o desembolso dessa ajuda não ficaram claras, e Achim Steiner disse que recentemente uma nação em desenvolvimento lhe perguntou se havia algum telefone para o qual ligar para perguntar sobre o dinheiro.

“Se, em três meses, ainda não existir um telefone, então prevejo que parte do acordo estará em apuros, mas espero que haja (um telefone)”, disse ele em entrevista na ilha de Bali, onde participa de uma conferência ambiental da ONU.

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