Definição de EUA e China é chave para destravar acordos em Copenhague

Entenda as posições das principais nações do mundo, que esperam que os dois maiores poluidores apresentem novas propostas, ou COP-15 pode terminar sem avanços

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, conhecida como COP-15, reúne 192 países na Dinamarca. Como esperado, algumas nações têm mais peso que outras. Estados Unidos e China, além das maiores economias mundiais, chegam a Copenhague na condição de maiores poluidores e de nações reticentes a acordos mais profundos. Na verdade, depende deles o compromisso de outros participantes com a redução das emissões globais de dióxido de carbono.

União Europeia e Rússia esperam definições de estadunidenses e chineses para fecharem seus planos, enquanto o Brasil quer dinheiro para pobres e emergentes em troca da preservação das florestas.

A participação de Barack Obama no momento final da cúpula é vista como um forte sinal de que os Estados Unidos trarão algo de novo para apresentar. Nas palavras de políticos europeus, não faz sentido que o presidente vá a Copenhague para falar mais do mesmo.

Entenda as posições dos principais países a respeito de COP-15.

China

Maior poluidora mundial ao lado dos Estados Unidos, a China tem forte responsabilidade no COP-15, ainda mais se forem levadas em conta as projeções que colocam a nação asiática como maior economia mundial dentro de alguns anos.

Inicialmente reticente, a China decidiu adotar uma meta que, em parte elogiada, logo foi vista como insuficiente por especialistas e por outras nações. O governo aceita cortar em 40% suas emissões de dióxido de carbono até 2020, comparadas aos níveis de 2005. Na prática, calculando que a economia chinesa mantenha o formidável nível de crescimento, o corte nas emissões é, na verdade, uma redução no ritmo. Ou seja, os chineses não reduziriam seu nível atual, apenas não deixariam que suas emissões crescessem tão rapidamente. Para tal, têm apostado em energias renováveis, em especial eólica e solar.

Estados Unidos

Sob pressão, o presidente Barack Obama não conseguiu aprovar no Congresso um novo plano dos Estados Unidos para reduzir as emissões de gases poluentes. A agenda interna tumultuada fez com que Obama previsse que o melhor seria deixar para dezembro de 2010 a definição de metas, o que gerou protesto por parte de nações emergentes e de movimentos ambientais.

Recentemente, o presidente encerrou parte do mistério e anunciou que vai a Copenhague, mas ainda não se sabe qual será o tamanho de sua participação. A expectativa de um corte de 17% até 2020 frente a 2005 é considerada muito pouco por especialistas. O Painel da ONU sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) aponta que, na comparação com a década de 90, seria um corte de apenas três ou quatro por cento.

Brasil

O país está em Copenhague com meta de redução das emissões de gases do efeito estufa em 38,9% até 2020. Para isso, a expectativa é cortar fortemente no maior responsável pelas emissões brasileiras: o desmatamento. Anunciado há poucas semanas, o melhor resultado do país no setor nos últimos vinte anos é uma bela credencial.

Além disso, o esforço do atual governo em dar importância à Conferência de Copenhague é, sem dúvida, um dos maiores em todo o mundo. O Brasil entende que os mais ricos devem arcar com os grandes compromissos ambientais e, dentro dessa linha, defende que os países em desenvolvimento e os pobres recebam pela preservação de suas matas. Leia mais: Brasil é alvo de expectativas no início da COP-15.

União Europeia

A decisão em conjunto da União Europeia é o grande suspense até aqui em Copenhague. Alegando que é preciso manter Estados Unidos e China sob pressão, os europeus esperam até o último momento para fazer o anúncio de suas metas.

Políticos europeus declararam que seria uma grande decepção que Obama fosse a Copenhague apenas para anunciar o que já disse, sem novidades. O grande compromisso público do bloco, até agora, é de um corte de 20% até 2020 comparado aos anos 1990. Especula-se, nos bastidores, que virá da União Europeia a grande contribuição financeira para os próximos anos – até 2012, a ajuda para emergentes e pobres pode chegar a 3 bilhões de euros (em torno de R$ 7,5 bi). De qualquer maneira, seria quase nada se comparado ao desembolsado ao longo dos últimos dois anos para evitar a quebra de bancos e de outras instituições financeiras.

Rússia

Peso-pesado nas emissões globais por conta do uso intenso de gás para geração de energia e para  movimentação de seu parque industrial, a Rússia é outra que chega a Copenhague com a condição de só assinar compromissos se for acompanhada pelas grandes economias.

O governo de Dimitri Medvedev aceitou a redução de 25% nas emissões frente aos anos 1990 como forma de aproximação da União Europeia. O intercâmbio comercial bilateral é crescente, o que pesou no fechamento da meta russa, que ocorreu a pedido expresso e público dos europeus. A aposta para cumprir o plano é renovar suas fontes de energia.

Índia

A Índia chama atenção em Copenhague por uma série de fatores: enorme população, crescimento econômico acelerado e a quinta posição entre os maiores emissores de dióxido de carbono. A meta indiana, definida às vésperas de Copenhague, é de um corte de 20 a 25% nas emissões até 2020 na comparação com 2005. A aposta indiana é parecida com a russa, ou seja, mudar as fontes de energia e não aceitar limitações ao crescimento.

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