Brasil precisa de R$ 27 bi até 2015 para garantir fornecimento de água

Todas as regiões metropolitanas brasileiras têm vulnerabilidades de mananciais e sistemas produtores de água, segundo estudo da Agência Nacional de Águas (ANA). Para evitar um colapso no abastecimento e saneamento […]

Todas as regiões metropolitanas brasileiras têm vulnerabilidades de mananciais e sistemas produtores de água, segundo estudo da Agência Nacional de Águas (ANA). Para evitar um colapso no abastecimento e saneamento nessas áreas, terão de ser investidos R$ 27 bilhões em seis anos para garantir o fornecimento de água até 2025 apenas.

Isso porque, segundo o Atlas de Abastecimento Urbano de Água, divulgado na quarta-feira (9), seria necessário um aporte de R$ 12 bilhões de investimento para dar conta das deficiências em sistemas produtores e outros R$ 15,7 bilhões em tratamentos de esgoto.

O presidente da ONG Trata Brasil, Raul Pinho, elogiou a iniciativa da ANA. “Há muita carência de informação nessa área, e esse relatório pode ajudar a dar visibilidade para um assunto tão esquecido pela maioria dos brasileiros”, analisa. Segundo Pinho, 40% da água produzida pelas operadoras é jogada fora.

Foram estudadas as cidades que compõem as principais regioes metropolitanas do país, bem como nas regiões Nordeste e do Sul.

Investimentos

Dos 430 municipios com mais de 250 mil habitantes estudados, 66% precisam de investimentos para ampliação ou adequação de sistemas produtores ou no aproveitamento de novos mananciais.

A conclusão é que a maior parte dos sistemas produtores estão com sobrecarga ou funcionando de maneira inadequada, a demanda por águas nas grandes cidades hojé é maior do que à capacidade de produção. “As demandas urbanas atuais, em torno de 356 m³/s, são ligeiramente superiores à capacidade atual de produção de água (quase 352 m³/s)”, diz o relatório.

“Os investimentos apontados pelo Atlas precisam de um arranjo institucional consistente, apto a atender aos objetivos de viabilidade técnica e financeira dos projetos e ações propostas”, diz o presidente da ANA, José Machado. Segundo ele, a concretização desses investimentos deve ser articulada entre diversas esferas de governo, organizações e agências públicas e privadas.

“Propomos a criação de um Comitê Gestor interministerial, com suporte técnico da ANA e articulação junto aos Estados e municípios, com a finalidade de viabilizar a execução de projetos e a implantação das obras necessárias para a garantia da oferta de água para os grandes centros urbanos do país”, afirma.

Lei de Saneamento Básico

O país registrou uma diminuição do deficit de saneamento básico de 4,18%, de 2007 a 2008, segundo pesquisa coordenada pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas e divulgada em novembro. Marcelo Neri, um dos coordenadores da pesquisa, afirmou que a evolução do saneamento se deve aos efeitos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e da criação da Lei Geral de Saneamento Básico.

Para o coordenador o país pode acabar com os problemas do saneamento por meio de políticas públicas e ações coordenadas. “Com um bom planejamento, boa gestão de recursos e um marco regulatório, é possível sanar o problema em até 20 anos”, explicou.

A lei prevê a universalização dos serviços de abastecimento de água, rede de esgoto e drenagem de águas pluviais, além da coleta de lixo para garantir a saúde da população brasileira. Também determina o investimento de de R$ 10 bilhões por ano, incluídos recursos (R$ 3 bilhões) provenientes do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC).

Além do comprometimento do Estado com infraestrutura, Raul Pinho considera importante a conscientização da população por meio de campanhas educacionais que estimulem o combate ao desperdício e o incentivo ao reuso da água. “As pessoas só se importam com o abastecimento quando a água não chega nas suas casas, acham que é um serviço público e que não precisam interferir no seu funcionamento”, alerta.

O levantamento completo e as informações de cada região podem ser acessados pelo endereço eletrônico www.ana.gov.br/atlas.

Com informações da Agência Brasil

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