Projetos de CO2 podem render US6 bi ao Brasil

São Paulo – O Brasil poderá arrecadar até U$16 bilhões por ano com a venda de créditos de carbono florestal a fim de financiar reduções das suas emissões de gases […]

São Paulo – O Brasil poderá arrecadar até U$16 bilhões por ano com a venda de créditos de carbono florestal a fim de financiar reduções das suas emissões de gases do efeito estufa e a proteção da Amazônia, segundo um especialista.

Os países ricos e as nações em desenvolvimento irão discutir a inclusão de projetos de preservação florestal (conhecidos pela sigla em inglês Redd) no novo tratado climático a ser definido na reunião de dezembro em Copenhague.

Atualmente, os projetos Redd estão fora dos mercados de carbono, pelo qual países e empresas recebem créditos para compensar suas emissões quando sustentam projetos que evitam emissões em outros lugares.

A devastação da Amazônia, especialmente para a extração de madeira e expansão da pecuária, é a maior fonte de emissões de carbono do Brasil, que há anos é pressionado a reduzir o desmatamento. Nos últimos 40 anos, a floresta perdeu cerca de 20% da sua área.

“Podemos ganhar de U$ 8 a U$16 bilhões por ano com créditos florestais”, disse Flavio Gazani, diretor da Associação Brasileira de Mercados de Carbono, em entrevista concedida na quinta-feira.

“Todos nós deveríamos concordar que as emissões pelo desmatamento são uma parte significativa do problema, e deveríamos também admitir que poderíamos usar alguma ajuda”, acrescentou.

Recentemente o Brasil sinalizou estar aberto a vender créditos de carbono como parte dos projetos Redd. Durante meses o país se opôs a essa opção, alegando que ela abriria uma brecha para que os países ricos continuassem poluindo.

Os projetos Redd (de Emissões pelo Desmatamento e Degradação Reduzidas) geram crédito pelo carbono que as florestas absorvem quando estão vivas. Já a queima ou apodrecimento das árvores responde por cerca de um quinto das emissões globais de gases do efeito estufa.

Simpatizantes dizem que tais projetos criam incentivos para evitar o desmatamento, ao estabelecer um valor monetário para os recursos florestais. Críticos dizem que esses créditos, se aparecerem em volume expressivo, poderiam ter seu preço reduzido, o que seria um estímulo ao desmatamento. Muitos também se opõem ideologicamente à atribuição de valores monetários aos recursos naturais.

O governo disse no mês passado que está estudando uma redução das suas emissões de carbono em 19% até 2020, em relação aos níveis de 2005. Isso significaria uma volta aos níveis de 1994, ou cerca de 1,7 bilhão de toneladas de dióxido de carbono ou equivalente. A maior parte da redução viria pela preservação da Amazônia.

“Acho que a meta do governo para reduzir as emissões florestais poderia ser mais fácil de garantir se tivéssemos recursos dos projetos Redd”, disse Gazani.

Na quinta-feira (12), o governo disse que o desmatamento da Amazônia no período de 12 meses até julho caiu para o menor nível desde que o monitoramento começou, há 21 anos. O resultado foi atribuído a uma melhora na fiscalização e na coordenação com os municípios.

Incerteza em Copenhague

Mas o futuro de tais projetos depende fortemente de os países industrializados e em desenvolvimento superarem suas discordâncias sobre quem deveria pagar pelo corte de emissões, para ratificarem um acordo climático que entre em vigor depois de 2012.

“Essas pré-negociações foram um pouco frustrantes”, disse Gazani. “Mas não acho que haja como contornar isso. Podemos não chegar a um acordo neste ano, mas não acho que iremos continuar muito além disso sem um tratado”.

A incerteza sobre o acordo e sobre a recuperação econômica global reduziu a demanda por créditos e limitou o interesse dos investidores para iniciar novos projetos.

As empresas que vendem créditos precisam realizar um complexo registro junto ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, que permite que países ricos invistam em cortes de emissões nos países em desenvolvimento, em vez de realizarem custosas reduções domésticas.

Índia e China são os maiores vendedores desse mercado, por causa da sua dependência em relação a combustíveis poluentes, como o carvão.

Gazani disse que o Brasil tem oportunidades para entrar nos mercados voluntários de carbono, que países como os Estados Unidos, que não participam do atual Protocolo de Kyoto, usam para compensar suas emissões. O mercado em 2008 atingiu apenas U$ 700 milhões, sendo que o mercado geral de carbono atualmente está estimado em quase U$ 126 bilhões.

“É um mercado pequeno, mas crescente”, disse ele. “A vantagem é que ele não enfrenta a ameaça do prazo de 2012 do tratado”.

Fonte: Reuters

 

Leia também

Últimas notícias