Pacto climático da ONU depende de corte maior de CO2

John Ashe, que lidera as negociações da ONU sobre cortes nos países ricos, afirma que a desaceleração econômica esta afetando as ambições para se combater o aquecimento global

Bonn – O acordo climático da Organização das Nações Unidas (ONU) previsto para ser fechado em dezembro será um fracasso, a menos que os países industrializados reforcem drasticamente os cortes nas emissões de gases do efeito estufa prometidos para 2020, disse o diretor de um importante grupo da ONU na quarta-feira (12).

John Ashe, que lidera as negociações da ONU entre os dias 10 e 14 de agosto sobre o planejamento de cortes nos países ricos, afirmou que as promessas atuais estão longe da faixa dos 25% a 40% abaixo dos níveis de 1990, calculada por um conselho científico da ONU para evitar o pior da mudança climática.

“Será difícil sair dessa faixa e julgar o resultado um sucesso,” disse Ashe à Reuters no encontro que reúne 180 países. Ashe também é o embaixador de Antígua e Barbuda para a ONU.

“Tendo como base as promessas que atualmente estão na mesa de negociações, chegar aos 25% já será difícil,” disse Ashe a respeito das negociações, parte de uma série de conferências que deverão culminar com um novo pacto climático da ONU em Copenhague em dezembro.

Até agora, as promessas feitas pelos países que ratificaram o Protocolo de Kyoto –todas as nações industrializadas à exceção dos EUA– somam um total de cortes entre 15% e 21% até 2020 a partir dos níveis de 1990, de acordo com o Secretariado de Mudança Climática da ONU.

Quando os EUA são considerados, o nível geral de cortes é reduzido, pois a meta do presidente Barack Obama é reduzir as emissões até que elas cheguem em 2020 aos níveis de 1990. As emissões subiram drasticamente durante os dois governos que antecederam o de Obama.

A reunião de agora é a primeira realizada depois que todos os países desenvolvidos apresentaram suas propostas –na última conferência climática da ONU, em junho, faltavam ainda as propostas da Nova Zelândia e da Rússia.

Muitos países em desenvolvimento, como China e Índia, dizem que as nações ricas deveriam cortar as emissões em ao menos 40%, sob argumento de que a evidência de mudança climática está cada vez mais forte, assim como o degelo no Ártico durante o verão. Pequenos países situados em ilhas, como Antígua e Barbuda, desejam cortes de ao menos 45%.

Qualquer que seja o novo pacto, ele precisará ser aprovado de forma unânime por mais de 190 países.

A faixa de 25% a 40% foi identificada pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) em 2007 como necessária para evitar o cenário pior do aquecimento global –mais ondas de calor, inundações, propagação de doenças e aumento no nível dos oceanos.

Ashe afirmou que a desaceleração econômica estava afetando as ambições para se combater o aquecimento global. “Há um sentimento de urgência nas conversas sobre mudança climática, mas acho que fomos golpeados um pouco pela crise econômica,” afirmou.

Fonte: Reuters