Minc defende fazer as pazes com Kátia Abreu

Coordenador da Rede da Mata Atlântica considera que crimes ambientais estão sendo legalizados pelas medidas aprovadas no Congresso

O ministro Carlos Minc promete simplificar para os “grandões”, mas “nem tanto assim” (Foto: José Cruz. Agência Brasil)

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou em Brasília que quer acabar com as trocas de farpas com a senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA). “Se eu fiz as pazes com o governador Maggi [Blairo Maggi, de Mato Grosso], com o pessoal da soja e com o pessoal da cana, por que não posso fazer as pazes com a senadora Kátia Abreu, que é muito mais articulada e muito mais bonita?”, afirmou.

Ele pretende propor à parlamentar uma aliança entre o ambiente e o agronegócio, mas com regras diferentes das utilizadas para os pequenos produtores. Mais cedo, em ato na escadaria da Assembleia Legislativa do Rio, Minc reiterou a importância da aliança com entidades como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e apontou que a pequena agricultura é aliada dos ambientalistas. “Essa turma nos alimenta e é com eles que vamos fazer essa aliança histórica”, destacou.

O ministro reiterou a intenção de pedir ao presidente Lula que vete alguns pontos da Medida Provisória 458, considerada por ambientalistas como uma grilagem da Amazônia: “Não se trata de derrubar tudo. No essencial o projeto vai ser benéfico para a Amazônia, se trata de tirar pontos que abrem brecha para, em vez de beneficiar o posseiro, beneficiar o grileiro. O projeto foi desfigurado. Vamos pedir o veto. Não significa que o veto será dado. É uma decisão do presidente.”

Leia também:

>> Ambientalistas sugerem corte maior de CO2 e fundo de US$ 160 bi

Em relação ao assunto, Renato Cunha, coordenador da Rede de ONGs da Mata Atlântica e do Grupo Ambiental da Bahia (Gamba), destacou à Rede Brasil Atual que o momento é crítico em termos de política ambiental, com tentativas de descaracterizar a legislação e “crimes que estão sendo legalizados”. Para o ativista, é hora de o presidente Lula definir um caminho muito claro a ser seguido no setor, especialmente devido aos ataques sofridos nas últimas semanas pelo ministro. Ele aponta que o Brasil está “dando marcha a ré em uma porção de temas”, ao passo que em outras nações o momento é de solucionar as tensões entre legislação ambiental e desenvolvimento. O coordenador do Gamba aponta que, no país, “seja por interesses, seja por ignorância”, confundem os dois assuntos e colocam as questões ambientais como se fossem um entrave ao crescimento.

Renato Cunha considera que qualquer ministro do Meio Ambiente que ocupe o cargo com responsabilidade e envolvimento com as questões ambientais sofrerá pressões para que peça demissão. Para ele, “não adianta ter um bom ministro do Meio Ambiente, boas políticas sendo levadas pelo sistema ambiental e ter outros setores do governo como Agricultura, Minas e Energia trabalhando contra”.

Devastação S/A

O Observatório Social lança nesta quarta-feira em São Paulo uma revista especial sobre a Amazônia. Prometendo revelar o nome de gigantes internacionais que transformam a madeira retirada ilegalmente da floresta em produtos legalizados, a reportagem aponta o envolvimento de órgãos públicos no esquema. De toda a madeira comercializada no Pará, 70% tem origem ilegal e é “esquentada” mediante a venda de créditos de madeira envolvendo funcionários de órgãos como o Ibama e o Ministério Público Federal.

Lançamento de Observatório Social em Revista, edição 15
Data: 10 de junho de 2009, quarta-feira
Horário: 10h
Local: Auditório da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf). Rua Libero Badaró, 158. Centro. São Paulo

Leia também

Últimas notícias