do verde ao cinza

Viveiro do Parque Ibirapuera vai ser derrubado para virar restaurante

Audiência pública realizada nesta quinta (14) discute o edital, aberto pela gestão Doria, de concessão ao capital privado de um dos principais parques urbanos de São Paulo

USP IMAGENS

Para biólogo, o viveiro Manequinho Lopes tem de ser preservado, já que foi construído na década de 30, antes mesmo do parque

São Paulo – O Viveiro Manequinho Lopes, no Parque Ibirapuera, pode ter suas estufas demolidas para abrigar espaço comercial, conforme previsto na concessão do local à iniciativa privada. Nesta quarta-feira (14), uma audiência pública realizada na Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz (UMAPaz) discute o edital de concessão aberto pela gestão do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB).

Para Domingos Leôncio Pereira, sociólogo e educador ambiental, o viveiro de mudas tem de ser preservado, já que foi construído na década de 30, antes mesmo do parque. Ele explica que Manequinho Lopes presta diversos serviços públicos para a comunidade.

“Acontece que o edital propõe a retirada total do serviço que o Manequinho presta, incluindo o acervo de plantas raras na cidade. Eles trabalham em campanhas oferecendo as mudas e o acervo para programas da cidade, seja arborização ou jardinagem. O local também realiza cursos de plantas medicinais, ornamentais e de árvores nativas da mata Atlântica”, afirma Domingos, em entrevista à Rádio Brasil Atual.

No edital de concessão, há a previsão da demolição de estufas do viveiro, para que se construa um restaurante de 400 metros quadrados. “No parque inteiro está prevista a construção de seis restaurantes e nove lanchonetes, incluindo outras lojas. Será uma mercantilização total do parque, enquanto ele deveria ser voltado à preservação ambiental. É uma desvalorização total do que o parque presta à cidade, perdendo sua importância ambiental”, critica o sociológo.

O prefeito João Doria apresentou, no dia 27 de fevereiro, o primeiro lote de parques municipais a ser concedido à iniciativa privada. O cobiçado Ibirapuera carregará cinco outros parques periféricos, em contrato que terá 35 anos de duração. Além do Ibirapuera, os parques que vão compôr o pacote serão o Lajeado, em Guaianases, na zona leste; Eucaliptos, na Vila Sônia (oeste); Jacintho Alberto e Jardim Felicidade, ambos em Pirituba e Tenente Brigadeiro Faria Lima, no Parque Novo Mundo, todos os últimos na zona norte.

 

Atualização

Em nota à RBA, a Secretaria Municipal de Desestatização e Parcerias afirma que o edital para a concessão do Ibirapuera e outros cinco parques (Jacintho Alberto, Jardim Felicidade, Eucaliptos, Tenente Brigadeiro Faria Lima e Lajeado) está em fase de consulta pública e que ainda poderá sofrer modificações até que seja lançado para licitação. “Toda e qualquer sugestão neste momento é bem vinda”, diz o comunicado.

“A respeito da afirmação sobre a derrubada do viveiro Manequinho Lopes, informamos que não é verdadeira, mesmo porque trata-se de um bem tombado pelos órgãos de patrimônio. A preservação e restauro das estufas históricas do Viveiro Manequinho Lopes serão obrigação do futuro concessionário”, afirma a secretaria. “A ideia é que a produção de mudas permaneça no local, porém a capacidade atual de produção do Viveiro é limitada, e a Secretaria do Verde e Meio Ambiente estuda a possibilidade de levar o serviço também para outros parques da cidade.”  

E prossegue: “O objetivo é que o Viveiro seja restaurado e aberto ao público, por isso está prevista a instalação de novas áreas para serviço de atendimento ao usuário, como sanitários e serviço de alimentação. Vale ressaltar que qualquer intervenção terá que ser feita com as devidas anuências dos órgãos de preservação, patrimônio e da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente”.

Ouça a entrevista na Rádio Brasil Atual:

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