na batalha

Lula lança livro para ‘desafiar a verdade dos meus acusadores’

Na mesma noite em que o STF negou outro pedido para julgar recurso de sua defesa, ex-presidente reafirma a perseguição judicial para barrar sua candidatura: 'Estou com a tranquilidade dos inocentes, não tenho medo deles'

Ricardo Stuckert/IL

Lula durante lançamento de livro, em São Paulo: defesa da democracia representada na luta contra farsa jurídica e perseguição midiática

São Paulo – “O que está acontecendo com o Lula é nada, perto do que está acontecendo com o povo trabalhador, que está perdendo os direitos desde a criação da CLT em 1943, os que estão perdendo a perspectiva de ter um emprego para sustentar a sua família.” A frase é do próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no evento de lançamento do livro Luiz Inácio Lula da Silva – A Verdade Vencerá (Editora Boitempo), no Sindicato dos Químicos de São Paulo, na noite desta sexta-feira (16).

A obra faz “um retrato fiel do ex-presidente em formato de uma longa entrevista concedida aos jornalistas Juca Kfouri e Maria Inês Nassif, ao professor de relações internacionais Gilberto Maringoni e à editora Ivana Jinkings”, de acordo com a editora. 

Segundo o ex-presidente, o livro registra sua versão sobre o atual momento da história brasileira, no qual ele é vítima de uma perseguição sem precedentes por parte do sistema de justiça do país. “O que está aqui (no livro) é a minha verdade, é desafiar a verdade dos meus acusadores.”

Diante da real possibilidade de ser preso, após julgamento do STJ que negou habeas corpus apresentado por sua defesa, ele tem afirmado que não tem medo de ir pra a prisão. No evento, voltou a declarar que será um preso político. “Se eles ousarem mandar me prender, estarão cometendo a maior barbárie jurídica desse país porque estarão me transformando no primeiro preso político do século 21. Estou com a tranquilidade dos inocentes e por isso resolvi enfrentá-los. Não sou ladrão, não tenho medo deles”, acrescentou.

Na mesma noite, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal,  negou pedidos da defesa de Lula para que se levasse ao plenário da corte um recurso preventivo contra sua possível prisão.

Em nota divulgada após a decisão de Fachin, os advogados de Lula afirmam que o ex-presidente “jamais se colocou acima da lei, mas também não pode ser tratado abaixo da lei, de forma excepcional e sem que lhe seja assegurada a garantia da presunção de inocência”.

Lula voltou a desafiar os membros do sistema judiciário a provarem os crimes que lhe são imputados e acusou o sistema de justiça, como um todo, além da imprensa, de forjarem uma grande mentira. “O jornal O Globo mentiu, quando disse que eu era dono do apartamento. A Polícia Federal mentiu, quando fez o inquérito; o Ministério Público mentiu, quando fez a acusação; o Moro mentiu, quando me condenou; o TRF-4 mentiu, quando  manteve a pena e ainda aumentou”, afirmou. 

“Eles só podiam sustentar essa mentira porque tinham o apoio dos meios de comunicação”, disse. Ele prometeu que, se eleito, fará a regulamentação dos meios de comunicação. 

No discurso, Lula associou a atual conjuntura do país com a Ação Penal 470, o chamado “mensalão”. “O objetivo da Lava Jato é condenar e execrar as pessoas antes do julgamento. É por isso que se criou no mensalão a ideia da teoria do fato.” 

Fábio Vieira/FotoRua/Folhapress
‘Objetivo da Lava Jato é execrar e condenar a pessoa antes do julgamento’, afirmou ex-presidente

No evento, Lula mencionou o assassinato da vereadora do Psol, Marielle Franco: “A morte daquela companheira fez com que surgissem milhares e milhares de Marielles. Não existe possibilidade fora da luta.”

Ele também afirmou que telefonou para o economista Delfim Netto, acusado de corrupção pela Lava Jato. “Liguei em solidariedade ao Delfim porque não posso admitir que um homem de 90 anos de idade seja acusado de corrupto por fazer uma consultoria. Eu não quero para os outros o que não quero pra mim”, disse.

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