autoritarismo

Justiça do Paraná proíbe acampamentos e estabelece perímetro de segurança em Curitiba

Prefeito Greca teme a chegada de milhares que devem acompanhar o depoimento do ex-presidente Lula. Frente Brasil Popular fala em tentativa de 'criminalização' e diz que ações estão mantidas

RICARDO STUCKERT/IL/JOSÉ CRUZ/ABR

Além de apoiar o ex-presidente Lula, movimentos querem discutir “papel político” desempenhado pela Lava Jato

São Paulo – Em função do depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro na próxima quarta-feira (10), a Justiça do Paraná proibiu a circulação de pessoas não autorizadas em região delimitada nos arredores da sede da Justiça Federal em Curitiba, bem como a montagens de estruturas e acampamentos em ruas e praças da capital paranaense. 

A decisão, tomada pela juíza Diele Denardin Zydek, da 5ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba, na última sexta-feira (5) atende a solicitação da prefeitura de Curitiba, que considerou “ameaça de violência iminente” caso locais públicos sejam ocupados por manifestantes e cita, em especial, movimentação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e de “milhares de manifestantes oriundos de outras cidades e Estados (que) se deslocarão até as proximidades da Justiça Federal” para acompanhar o depoimento do ex-presidente.

Foram dois os perímetros de segurança estabelecidos, com multa de R$ 50 mil para veículos e pessoas não autorizadas que adentrem ao círculo mais externo e R$ 100 mil para o círculo menor. Já a “montagem de estruturas e acampamentos” está sujeita a multa diária de R$ 50 mil. As proibições valem desde às 23h desta segunda-feira (8) e vai até às 23h de quarta-feira (10), data do depoimento. 

A Frente Brasil Popular, que agrega movimentos sociais e partidos, reafirma intenção de ocupar Curitiba “com muita alegria e resistência para defender a democracia e em apoio ao ex-presidente Lula”. A organização enfatiza a “importância política da Jornada de Lutas de Curitiba”, e que manterá todas as mobilizações, caravanas e as atividades previstas na programação.

Para a frente, a ação movida pelo prefeito Rafael Greca (PMN) e a decisão da juíza Diele Denardin Zydek de proibir a instalação de acampamentos, são uma forma de “criminalização dos movimentos sociais”, ao tentar impedir a presença de milhares de pessoas “também pretendem debater os rumos da democracia, os ataques contra os direitos sociais e o papel hoje político cumprido pelo Judiciário”.

Confira a íntegra da nota da Frente Brasil Popular:

NOTA DA FRENTE BRASIL POPULAR – PARANÁ

A Frente Brasil Popular Paraná – organização que agrega diferentes movimentos sociais e setores da sociedade – repudia a decisão do prefeito Rafael Greca e da juíza Diele Denardin Zydek, da 5ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba, em impedir a instalação em Curitiba do acampamento que receberá as centenas de caravanas que virão para o depoimento do ex-presidente Lula, no dia 10 de maio.

A medida é uma forma de criminalização dos movimentos sociais, porque busca impedir a vinda pacífica e democrática de milhares de pessoas que buscam debater os rumos da democracia, entre os dias 9 e 10 de maio, os atuais ataques contra os direitos sociais pelo governo Temer, assim como o papel hoje político cumprido pelo Judiciário.

Não conseguirão. As caravanas e as atividades serão feitas, lutadoras e lutadores sociais serão bem acolhidos pelas entidades sociais e o momento será de muito debate e reflexão com juristas e advogados renomados, artistas, vigílias inter-religiosas e debates políticos.

Curitiba recebeu as Diretas Já!, tem também cultura crítica e milhares de pessoas preocupadas com a preservação dos direitos e contrárias à sua violação. Esperamos que a vinda das caravanas, o direito de ir e vir e a liberdade de manifestação sejam respeitados nos próximos três dias. Em nossas mãos, temos a organização popular, que sempre abre caminhos.