Usina de reciclagem livra cidades de ‘montanha de entulho’

São Paulo – A 450 quilômetros da capital paulista, a cidade de São José do Rio Preto se viu rodeada de “montanhas de entulhos” na década de 1990. Com exceção […]

São Paulo – A 450 quilômetros da capital paulista, a cidade de São José do Rio Preto se viu rodeada de “montanhas de entulhos” na década de 1990. Com exceção do centro, os resíduos sólidos eram despejados por toda a cidade. “Vivíamos o caos com entulho esparramado por todo lado”, descreve César Augusto Passareli, secretário Municipal de Meio Ambiente e Urbanista do município. O especialista esteve na capital paulista para  seminário promovido pelo Instituto Nova Agora de Cidadania (Inac).

Em 1997, a administração municipal registrou 1431 pontos de descarte irregulares de resíduos. “Até a margem do Rio Preto era tomada por montanhas de entulho”, recorda o secretário. Dados da administração municipal indicam que diariamente os 450 mil habitantes produzem cerca de 1.500 toneladas de resíduos.

A situação caótica obrigou a Prefeitura a começar no mesmo ano “as tratativas” para a criação de uma usina de reciclagem de entulhos (Ure). A própria Prefeitura assumiu a iniciativa e além de montar a usina com recursos públicos, criou uma legislação municipal específica para ordenar o transporte e as áreas de destinação dos resíduos.

Todo o material levado à usina fica para a Prefeitura que utiliza principalmente na manutenção de estradas rurais. Devido ao volume de entulho descartados foi possível ainda criar uma fábrica de itens de construção com os materiais reciclados pela usina. “Gerou uma economia nas compras de materiais da ordem de 40%”, estima Passareli. A administração municipal fabrica sarjetas, tampas de boca de lobo e demais itens de drenagem que são utilizados em toda a cidade.

Além dos ganhos ambientais e econômicos, o secretário explica que a fábrica agiliza o processo de manutenção na cidade, uma vez que não é preciso licitar e comprar materiais. “Gastávamos para recolher material em local inadequado, agora é mais barato, organizado, sustentável e garantimos a preservação do meio ambiente”, aponta.

Osasco

Com problemas similares aos de São José do Rio Preto, a cidade de Osasco, na região metropolitana da capital, optou pela parceria com o Inac para dar destino adequado aos materiais de construção civil e de demolições. A dupla deu início em 2009 ao trabalho de reprocessamento de resíduos antes jogados em locais inadequados ou despejados em aterros.

A ONG montou uma Ure que recebe resíduos sólidos de construção civil e reverte 50% do material resultante da reciclagem para a Prefeitura. A entidade contratou formalmente catadores, idosos desempregados e apenados em liberdade assistida para realizar a triagem, pesagem controle e processamento dos materiais. “Os controles são rigorosos. Temos compromisso com a qualidade dos produtos”, conta Carlos Roberto Matos Leal, presidente do Inac.

A iniciativa, de acordo com Leal, é autossustentável. Além de garantir a destinação adequada dos resíduos de construções, a usina reduz gastos públicos e evita a retirada de materiais da natureza.

Só este ano, a Prefeitura de Osasco economizou cerca de R$ 308 mi de recursos públicos em materiais que teriam sido comprados para obras públicas se a usina não existisse, estima o presidente do Inac. A Ure destinou 4,3 mil toneladas de materiais para a Prefeitura. Desde 2009, foram 77 mil toneladas de materiais reprocessados e reutilizados.

 

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