Wagner Rossi vai ao Senado e admite deficiências na Conab

Ministro da Agricultura afirma que grande partes dos problemas da pasta estão no setor jurídico da companhia, alvo de denúncias de corrupção e fraudes

Ministro da Agricultura, Wagner Rossi, respondeu a questionamentos de senadores na Comissão de Agricultura do Senado (Foto: Elza Fiúza/ABr)

São Paulo – Após as denúncias de atividades ilegais praticadas por membros do alto escalão do Ministério da Agricultura, o ministro Wagner Rossi foi ao Senado nesta quarta-feira (10) para se explicar. Ele afirmou que, ao tomar conhecimento das acusações, imediatamente instaurou comissão de sindicância interna para apuração completa das supostas irregularidades. Ele diz ter solicitado ainda uma investigação “eficiente e neutra” à Advocacia Geral da União (AGU).

O ministro da Agricultura tentou esclarecer ponto a ponto as denúncias divulgadas pela imprensa. Depois de dizer que todos os computadores do ministério estão à disposição da AGU, Rossi assegurou que “as questões levantadas (pela mídia) não tinham nenhuma base documental”. Ele avalia que permitiu-se os autores das acusações, ex-funcionários da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) afastados pelo ministro, que falassem o que quisessem sobre a pasta.

Ao negar irregularidades, o ministro sugeriu que o motivo das entrevistas seria insatisfação com a saída do cargo. Rossi citou por diversas vezes que as denúncias partiram de pessoas insatisfeitas com a “condução transparente” das atividades do ministério, citando, inclusive, nomes que “tinham a intenção de conluiar o interesse público”.

Mesmo com as negações, Rossi admitiu que a Conab – órgão ligado ao Ministério da Agricultura – “possui deficiências na área jurídica muito graves”, afirmando, em seguida, que apesar de algumas mudanças já terem sido feitas,  “elas (as mudanças) ainda não são suficientes”.

As irregularidades na Conab foram denunciadas por Oscar Jucá Neto, irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Ele concedeu entrevista à imprensa, Jucazinho, como é conhecido, afirmou que o ministro oferecia propina em troca de silêncio sobre episódios de corrupção na pasta. Rossi negou o fato e afirmou que a demissão do cargo obedeceu “uma obrigação funcional”, motivada por “infrações graves”.

Ele ainda comentou as acusações que ligavam o ministério as irregularidades na relação com a Gráfica Brasil e a Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, negando ilegalidades. Rossi ainda fez um apelo para que todos que são citados nas denúncias não sejam julgados sem antes se defenderem.

Afilhado político do vice-presidente peemedebista Michel Temer, o bom relacionamento político de Rossi com a bancada ruralista e outros segmentos do Congresso ajuda a dar sustentação ao ministro no cargo. A presidenta Dilma Rousseff já declarou apoio total ao ministro.