Protestos reúnem 600 mil no Chile

Ministro chileno da Educação diz que manifestação é 'inútil' e 'desnecessária', mas que 'também estaria marchando' se não pudesse pagar educação de seus filhos

São Paulo – O segundo dia de greve geral no Chile levou 600 mil pessoas, segundo os sindicatos, às ruas de Santiago e de outras cidades no país. O governo calcula que foram 175 mil. As 48 horas de paralisação nacional reúnem 80 organizações da sociedade civil. Eles reivindicam reformas profundas no Estado, incluindo um novo Código do Trabalho, reforma do sistema tributário, uma nova Constituição e educação pública gratuita.

Ironicamente, o ministro da Economia chileno, Pablo Longueira, declarou ainda nesta quinta-feira (25) que, “se não pudesse pagar a educação de seus filhos, também estaria marchando”. Apesar disso, criticou a Central Unitária de Trabalhadores (CUT) do Chile, classificando a mobilização de “inútil” e “desnecessária”.

Segundo a CUT os manifestantes partiram de quatro pontos da cidade para ocupar as ruas até por volta das 13h30 (horário local). Os atos deram sequência às manifestações promovidas nos últimos três meses por organizações de estudantes e professores por reformas no ensino.

De acordo com Camila Vallejo, presidenta da Confederação dos Estudantes Chilenos (Confech), participam das manifestações estudantes, trabalhadores, sindicalistas, entre outros atores sociais. “(As manifestações) mostram a diversidade e a riqueza de movimentos que temos no Chile”, afirma, indicando um descontentamento generalizado com o governo do presidente Sebastián Piñera.

O governo é acusado de adotar uma postura intransigente, sem abertura para o debate. O mandatário fez reiteradas manifestações em discursos e entrevistas à mídia com recados aos manifestantes, mas sem convidá-los a audiências ou ao diálogo. “Não há vontade, há intransigência. Não há vontade de mudança, nada mudou”, aponta Camila.

Um balanço final deve ser divulgado no fim da noite, após novos panelaços pelas ruas da capital chilena. Sindicalistas e estudantes prometem novas manifestações para os próximos dias.

Fontes oficiais calculam, segundo a agência Ansa Latina, que cerca de 9,1% dos trabalhadores chilenos aderiram à paralisação, enquanto a Associação Nacional dos Funcionários Públicos afirmou que mais de 80% dos trabalhadores do setor participaram.

Solidariedade

O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) do Brasil, Daniel Iliescu, foi ao Chile para apoiar as manifestações dos estudantes e trabalhadores chilenos e convocar a Jornada Continental de Lutas da Juventude Latino-Americana, que será realizada em março de 2012.

De acordo com ele, a ideia é mobilizar os movimentos estudantis dos países da região para realizar uma jornada de lutas pela educação pública gratuita e de qualidade e pela integração e soberania da América Latina. A iniciativa foi proposta pela UNE e aprovada no congresso da Organização Continental Latino-Americana e Caribenha dos Estudantes (Oclae).

Com informações da Adital e do OperaMundi

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