Serviço funerário de São Paulo retorna ao trabalho nesta quarta-feira pela manhã

Em negociação sem proposta de reajuste, sindicalistas discutiram apenas gratificações com a Secretaria de Planejamento

Servidores públicos de São Paulo pedem 39% de reajuste nos salários (Foto: Camila de Oliveira)

São Paulo – Em greve desde a manhã desta terça (21), os trabalhadores do serviço funerário do município de São Paulo decidiram retornar ao trabalho a partir das 6 horas da quarta. A decisão veio após reunião de representantes do Sindicato dos Trabalhadores do Município de São Paulo (SindSep-SP) e a Secretaria de Gestão e Planejamento, em que foi firmado que a Prefeitura manteria na Câmara Municipal projeto que garante a gratificação dos funerários, desde as atividades fossem retomadas.

Receosos com o cumprimento da decisão, os servidores exigiram a assinatura de um protocolo em que a Secretaria garante que a reivindicação continue em pauta na Câmara. A categoria, que tem piso mínimo de R$ 545, irá acompanhar o plenário da Casa na quarta pela manhã. Caso seja aprovado, os servidores poderão receber a extensão da gratificação de atividade – antes não incluída – a todos de nível médio e básico, além da reposição dos dias parados, a partir de julho. O pagamento elevaria o piso para R$ 630.

A respeito do reajuste salarial, a Prefeitura declarou não ter condições de apresentar nenhum índice ainda esta semana. As categorias do funcionalismo público paulistano pedem 39% de reajuste – que representa a reposição salarial de 2005 até 2011 – mudança na lei salarial, negociação da pauta de saúde, revisão dos planos de carreira e gratificações aos aposentados. Eles protestam há dois meses contra os reajustes anuais de 0,01% previstos pela legislação municipal. A data-base é 1º de maio.

A alternativa oferecida pela secretaria contempla o estudo durante o mês de julho – quando a Câmara entra em recesso – de um índice viável às contas da Prefeitura e outros itens da pauta de reivindicações dos funcionários. A proposta foi acatada pelos servidores, apesar de não representar ganhos concretos a curto prazo.

A presidenta do SindSep, Irene Batista de Paula, considerou como “trololó” a resposta obtida. “A prefeitura está resistente em relação à pauta de reivindicações e índice de reajuste”, disse.

Com a alta adesão à paralisação dos funerários, os sepultamentos foram afetados nos cemitérios da capital, como o da Vila Maria e Vila Formosa. Segundo a assessoria do SindSep, alguns enterros e velórios foram feitos por serviço terceirizado, o que seria considerado ilegal. Mesmo assim, a fila para os sepultamentos aumentou.

De acordo com a Secretaria de Planejamento, o Município conta com 1.366 servidores em atividade.

Contra os 0,01%

Motorista do serviço funerário há 15 anos, Francisco Florentino procurou a reportagem para relatar seu caso. Com o reajuste de 0,01% concedido em 1º de maio, seu salário aumentou R$ 6,98. “É absurdo, conheço colega que recebeu só mais R$ 0,15 no holerite. Enquanto isso, o enterro está fazendo fila, dobrando o quarteirão. Eles precisam da gente e não valorizam”, desabafou.

O salário de R$ 550 está defasado desde 1997, segundo Luís Adolfo, também funerário. “Nós queríamos pelo menos três salários mínimos, e está acontecendo todo esse atraso (perdas salariais). Então, esses R$ 630 não são nada perto do que a gente reivindica. O jeito é aguardar”, pontuou.