Deputados criticam Alckmin por ‘abandono à saúde em São Paulo’

Em ato de servidores por aumento salarial, parlamentares dizem que governador 'empurra questão com a barriga'

Servidores da saúde em São Paulo protestam contra falta de negociação do governo Alckmin em ato na quinta-feira (Foto: Mauricio Morais/RBA)

São Paulo – Parlamentares presentes ao ato organizado pelos servidores estaduais da saúde nesta sexta-feira (17), em São Paulo, rechaçaram a forma com que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) lida com o setor. A assembleia seguida de protesto dos trabalhadores, em frente ao prédio da Secretaria Estadual da Saúde, reivindicava aumento salarial de 26% e melhores condições de trabalho.

O deputado estadual Major Olímpio (PDT-SP) vê falta de vontade do governador de procurar soluções com os sindicalistas. “O Alckmin disse para os secretários receberem os sindicatos e, se possível, oferecer uma bolachinha, mas empurrar o assunto com a barriga”, ironizou.

O histórico da relação entre o governador e os sindicalistas e trabalhadores da saúde tem episódios conturbados. Em 2004, ele classificou como “ilegal” uma greve semelhante ao movimento atual. Na ocasião, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT-SP) de São Paulo determinou reajuste de 23,94%.

Porém, desde o início de seu atual mandato, Alckmin tem se aproximado das centrais sindicais e negociado reajustes com outras categorias de funcionários públicos. Um dos exemplos é o reajuste escalonado para os professores. A diferença de tratamento é motivo de indignação aos servidores da saúde, porque nenhuma proposta de aumento foi apresentada.

Em solidaridade, o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) prometeu levar ao Congresso Nacional as dificuldades que os funcionários dos hospitais têm com os baixos salários. “A causa tem todo o apoio. E vamos denunciar o salário de fome que os servidores da saúde recebem em plenário na Câmara Federal. Precisamos ter um Estado que garanta serviço de saúde à população e que preste atenção também nos trabalhadores (do setor)”, defendeu.

Leito vendido

A privatização dos serviços dos hospitais paulistas foi alvo do deputado estadual Adriano Diogo (PT). Ele acredita que a dificuldade em definir um reajuste nas negociações com a secretaria se deve à administração de leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) por organizações sociais de saúde (OSS), ao atendimento de pacientes de convênios médicos particulares em hospitais públicos e a problemas causados por desvios de verba. “Enquanto as organizações sociais de saúde não forem fiscalizadas, não vai ter dinheiro para a saúde”, criticou.

No início do mês, a 9ª Vara Federal Cível de São Paulo condenou a Fundação Zerbini, administradora do Instituto do Coração de São Paulo (Incor), a pagar ao SUS R$ 49 milhões por não aplicar as verbas corretamente desde a década de 1990. Segundo auditoria feita em 2010 pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus), o governo paulista, no mandato de José Serra (PSDB), teria desviado recursos do setor para o mercado financeiro. Cerca de R$ 12,2 milhões deixaram de ser aplicados em gestão.

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