MPF quer explicações sobre carga suspeita de radioatividade na Bahia

Doze contêineres de conteúdo não informado foram recusados em Caetité e transferidos para Guanambi

São Paulo – O Ministério Público Federal (MPF) instaurou, nesta quinta-feira (19), inquérito civil público para apurar suspeitas de irregularidades na recepção, transporte e comercialização de carga radioativa nos municípios de Caetité e Guanambi, ambos na Bahia, a 750 quilômetros a oeste de Salvador, por parte das Indústrias Nucleares Brasileiras (INB). 

No domingo (15), a população de Caetité se mobilizou para impedir o recebimento de 12 contêineres de conteúdo não informado. As cargas foram então encaminhadas para a cidade de  Guanambi, onde os habitantes também desconfiaram do material. O prefeito Charles Fernandes (PP)  afirmou, em entrevista a Rede Brasil Atual, que o governo estadual deveria retirar o material em até 48 horas ou acionaria o Ministério Público. “Nós não temos nada a ver sobre de onde vem essa carga. Aqui é que não pode ficar”, disse.

O procurador da República Cláudio Gusmão encaminhou um ofício à INB na segunda-feira (16) requisitando informações sobre o material radiotivo. A Promotoria de Justiça da Comarca de Caetité (BA) e entidades da sociedade civil enviaram uma denúncia ao MPF demonstrando preocupação com a carga dos contêineres.

Em Brasília, o subprocurador-geral da República Mario José Gisi afirmou que vai apurar o caso. Mário Gisi garantiu a instauração de um inquérito para investigar aspectos relativos à legalidade do material, do transporte, da falta de transparência do processo e dos riscos associados à carga. O subprocurador também vai solicitar informações ao procurador de Guanambi sobre as condições de segurança do material e das carretas. Se requisitada a devolução, haverá um plano especial.

Não é a primeira vez que a população de Caetité tem contato com a INB, a estatal vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia se estabeleceu na cidade em 1998 e estimou uma reserva de 100 mil toneladas de urânio. Um relatório do Greenpeace, de 2008, indicou que a água utilizada de alguns poços de Caetité está comprometida por contaminação radioativa.

 

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