Recife respira cinema, diz homenageado em Tiradentes

Com 15 filmes no currículo, o ator pernambucano Irandhir Santos é um dos homenageados da 14º Mostra de Cinema de Tiradentes

(Foto: Alexandre C.Mota / Divulgação)

Tiradentes – Com apenas cinco anos de carreira, o ator pernambucano Irandhir Santos, de 32 anos, é um dos homenageados na 14ª Mostra de Cinema de Tiradentes. Apesar do pouco tempo de estrada ele tem no currículo 15 filmes – 13 longas e dois curtas.

O trabalho mais recente, segundo ele, foi o mais marcante. Santos é o deputado Diogo Fraga, de “Tropa de Elite 2” – a maior bilheteria do cinema nacional. Outros dois filmes entram em cartaz esse ano, “Tatuagem” e “Lobo Atrás da Porta”.

A correria foi intensa durante o festival, conversas com amigos, diretores, produtores, filmes, homenagens. Ainda assim, Santos abriu espaço na agenda agitada de Tiradentes para falar com a Revista do Brasil

O cinema pernambucano está cada vez mais forte, nos últimos quatro anos você fez 14 filmes, quantos foram com diretores de Pernambuco?

Mais que a metade. No caso do Cláudio Assis eu até repeti. Depois de “Baixio das Bestas”, fiz o “Febre do Rato”, no final de 2010, que é o terceiro longa dele. Acredito que isso tem haver com minha proximidade com os diretores e com acreditar nessa maneira nova de contar histórias que está surgindo por lá, o cinema pernambucano se voltou às suas raízes, isso tem impulsionado a produção audiovisual e uma nova linguagem que permite dialogar com qualquer público, do Brasil e do mundo. Faço parte desse movimento que está surgindo na cena pernambucana.

Você pode falar um pouco mais sobre essa nova cena de Pernambuco? 

Você vai ao Recife, por exemplo, e tem lugares de exibição muito especiais, como a Fundação Joaquim Nabuco, bem coordenada pelo Kleber Mendonça. Existem vários lugares onde se encontram pessoas de cinema que geram debates e discussões interessantes. É como se a cidade respirasse cinema em seu ambiente natural, em seu habitat, em sua geografia.

Durante debate aqui em Tiradentes, um jornalista falou sobre os prós e contras da exposição excessiva em filmes e novelas, e citou Wagner Moura, protagonista em “Vips” e “Tropa de Elite 2”. Num ele comanda uma rebelião no presídio de Bangu, no outro, é o coronel Nascimento que reprime essa rebelião. Você, que fez 14 filmes em quatro anos,  não tem medo do desgaste da imagem

Não acredito na questão do desgaste, acho que o ator tem esse prazer, esse privilégio da transformação. A questão importante é a versatilidade em ser ator, encarar personagens diferentes e a cada um, ser outro. Acho que o cinema te dá essa possibilidade também, porque junto ao ator há outros profissionais altamente responsáveis por aquela fisicalidade que irá ficar na imagem. São excelentes figurinistas, maquiadores e isso te ajuda muito a criar uma persona diferente. Então, pelo contrário, acho que estar em várias produções significa que você tem a capacidade de ser outro.

Quais são suas apostas para 2011? 

Eu citaria entre tantas obras que passaram aqui na Mostra de Tiradentes, mais de 120, mas quero ressaltar um ponto que considero determinante, tanto para Tiradentes quanto para a trajetória nacional do cinema mesmo. Estou falando dos documentários que estão vindo com uma grande força. Aqui na mostra Aurora, dos sete longas, cinco são documentários, todos muito fortes e peculiares na maneira de serem feitas. 

Você destaca algum nome?

Mais do uma aposta faço uma reverência ao trabalho de ficção da cineasta Renata Ribeiro. Eu acompanhei o trabalho dela como diretora de arte em dois filmes que participei. Recentemente ela veio à frente dos projetos, como diretora, e tem desempenhado um trabalho fantástico. 

Você pode citar alguns desses filmes?

Em Tiradentes, ela apresentou o filme “Praça Walt Disney”, produzido no ano passado. Foi a pré-estréia nacional. Aposto nessa diretora como uma forte criadora. Eu gosto bastante do  Super Barroco, que foi o primeiro curta-metragem dela, onde a Renata faz a junção perfeita do que ela é como profissional na direção de arte. 

Por quê?

Porque ela junta elementos onde o objeto no cinema tem tanta importância quanto o ator, a imagem, e ela faz isso de uma maneira brilhante unindo o ator aos objetos como personagens principais no filme Super Barroco. É muito interessante, a estética do filme salta aos olhos, mas está à mercê da história do filme. Muito pela experiência dela como diretora de arte e agora atrás diretamente das câmeras, como diretora, aposto muito na Renata.