Aprovado em sabatina no Senado, Tombini promete buscar crescimento sustentável do crédito

O futuro presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, passa por sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (Foto: Antônio Cruz/Abr) São Paulo – O indicado para presidência do Banco […]

O futuro presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, passa por sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (Foto: Antônio Cruz/Abr)

São Paulo – O indicado para presidência do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, afirmou que não hesitará em adotar medidas prudenciais que garantam o crescimento do crédito de forma sustentável. Após sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado nesta terça-feira (7), o nome do atual diretor de Normas e Organização do Sistema Financeiro do BC e funcionário de carreira da instituição foi aprovado.

A indicação agora seguirá para votação no plenário do Senado. Na CAE, a indicação de Tombini recebeu 22 votos a favor e um contrário, em votação secreta. Após passar pela comissão, o nome dele será submetido à análise dos senadores no plenário, o que pode ocorrer ainda nesta terça.

Segundo Tombini, é preciso ampliar o volume de crédito no país, “em condições mais adequadas de custo e prazo”. “Não só para financiamento do consumo, mas principalmente para o financiamento habitacional e do investimento produtivo.” Ele avaliou, entretanto, que a ampliação do acesso ao crédito deve ocorrer de forma segura “evitando inclusive o endividamento excessivo das famílias e das empresas”, disse.

A inclusão financeira da população deve ser outro tema priorizado pelo futuro presidente do BC. “Quanto maior for a parcela da sociedade que efetivamente utiliza o sistema financeiro, seja obtendo crédito, seja investindo suas economias, maior será a eficácia da política monetária”, disse. Tombini destacou que, com mais pessoas com acesso ao sistema financeiro, o efeito de mudanças nas taxas de juros têm um impacto mais direto sobre a inflação. 

Tombini defendeu o uso de correspondentes bancários, o aperfeiçoamento do marco regulatório do cooperativismo de crédito e a criação da conta simplificada.

Tombini acrescentou que atualmente todos os municípios brasileiros dispõem de algum tipo de serviço bancário ou financeiro: são mais de 20 mil agências, cerca de 50 mil postos de atendimento bancários e mais de 158 mil caixas eletrônicos. O Sistema Financeiro Nacional gerencia atualmente mais de 142 milhões de contas ativas.

O principal instrumento da política monetária é a taxa básica de juros, a Selic. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC eleva a Selic para estimular a poupança e conter a expansão excessiva da demanda – considerado o principal fator que provoca inflação.

O comitê também pode não mexer nos juros básicos quando acredita que o patamar da taxa é suficiente para gerar equilíbrio entre o que se produz, o que se compra e os preços cobrados. Pode ainda reduzir a taxa Selic se o objetivo for aquecer o mercado consumidor e estimular a atividade econômica.

Fiscalização

Questionado sobre o empenho da autoridade monetária em fiscalizar o sistema financeiro, Tombini disse que o BC não hesita em adotar medidas corretivas ou punitivas de forma tempestiva sempre que necessário.

Segundo Tombini, o “arcabouço de regulação prudencial rigoroso” e a supervisão do Sistema Financeiro Nacional foram essenciais para a superação da crise financeira internacional de 2008, “sem qualquer intervenção ou liquidação e, principalmente, sem uso de dinheiro do contribuinte para socorrer qualquer instituição financeira”.

“Contudo, temos consciência plena de que não podemos nos acomodar, pois crises financeiras surgem de forma lenta, e por vezes silenciosa”, disse Tombini aos senadores que integram a Comissão de Assuntos Econômicos. “O aperfeiçoamento da regulação prudencial e da supervisão do sistema financeiro é um processo contínuo, sem fim. E precisa acompanhar as inovações que são incorporadas todo dia no âmbito do sistema financeiro”, acrescentou.

Ele defendeu a regulação internacional – conhecida como acordo de Basileia 3 –, “que tem como objetivo corrigir as falhas identificadas na regulação prudencial internacional que contribuíram para a ocorrência da crise financeira de 2008”.