Limite à remuneração de executivos de bancos só funciona se houver fiscalização do BC, diz Contraf

CMN adotou novas regras de remuneração para dirigentes de instituições financeiras

São Paulo – O secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT, Miguel Pereira, afirma que a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) de regulamentar a conduta de remuneração dos executivos dos bancos é positiva, mas depende de fiscalização para ser efetiva. Os bônus pagos aos diretores das instituições financeiras foram apontados como responsáveis por operações de risco que causaram exposição maior de bancos durante a crise econômica de 2008.

A nova resolução obriga os bancos a estabelecer 50% da remuneração variável em ações ou instrumentos financeiros baseados em ações e, pelo menos, 40% terá de ser paga em três anos. Além disso, as instituições de grande porte terão de montar comitê especial para organizar pagamentos.

“Se não houver fiscalização efetiva do Banco Central na declaração de notas públicas não haverá transparência”, avisa, em entrevista à Rede Brasil Atual. A ideia do Departamento de Normas do Banco Central é alinhar o pagamento de executivos aos riscos assumidos pelas instituições financeiras. A avaliação do BC é de que é preciso desestimular riscos elevados, tidos como uma das causas para a crise financeira internacional.

Pereira explica que as novas regras da CMN podem ter graves falhas caso falte a devida revisão dos balanços. Isso porque há indícios de que bancos usem operações para contabilizar lucros menores do que as margens reais. “Se não vierem outras medidas para impor limites, não adiantará muita coisa”, prevê.

O sindicalista concorda que a prática de remuneração dos administradores sem a devida contabilização é um dos fatores que ocasionam a quebra de bancos. “Quando há uma crise, é o governo que acaba socorrendo estas instituições”, disse, lembrando o caso recente do Banco Panamericano.

Se forem seguidas com transparência, as regras podem levar executivos a se preocupar mais com o resultado das instituições financeiras, segundo ele. “Quando não se sabe o valor remunerado, eles (bancos) levam o grau de risco sem se preocupar com as consequências. Se a empresa quebrar, quebrou, porque não era o banqueiro que quebrava junto com a sociedade”, finaliza.

Com informações da Agência Brasil