Paulistano passa 30 dias no trânsito por ano, diz pesquisa

Cerca de 76% dos paulistanos gostariam de deixar o carro em casa e utilizar transporte coletivo, entretanto o serviço oferecido tem notas baixas da população

Pesquisa demonstra insatisfação de usuários com transporte coletivo de São Paulo (Foto: Suzana Vier/RBA)

São Paulo – Pesquisa do Ibope divulgada nesta quinta-feira (16) sobre a qualidade da mobilidade na capital paulista revela que o paulistano gasta em média 30 dias por ano no trânsito. O levantamento foi realizado a pedido do Movimento Nossa São Paulo e mede, pelo quarto ano consecutivo, a percepção das pessoas que vivem e trabalham em São Paulo sobre a mobilidade na capital.

Segundo o levantamento, o tempo médio gasto em deslocamentos diários é de 2h42 minutos, apenas um minuto a menos que em 2009, apesar das diversas restrições impostas pela prefeitura a caminhões e ônibus fretados na cidade. Tanto quem utiliza transporte coletivo, como quem anda de carro, gasta várias horas por dia para ir e vir em São Paulo.

Quem sabe muito bem o que isso significa é Ester Soares Pereira Rosa, assistente administrativo, que mora no bairro de São Miguel, na zona leste de São Paulo. Em entrevista à Rede Brasil Atual, ela explicou que passa mais de quatro horas por dia no percurso entre sua casa e o trabalho, na Liberdade, região central. Chegar no horário ao trabalho é muito difícil. “Se não fosse a compreensão do dono da empresa, seria impossível trabalhar”, relata.

Para chegar ao centro de São Paulo até às 9h da manhã, a assistente administrativo deixa sua casa às 6h e, logo, tem de fazer uma escolha. Ao passar em frente à estação de trem ela decide se vai usar esse tipo de transporte ou vai optar pelo ônibus, o que depende de mais vinte minutos de caminhada. “Quando eu vejo a plataforma lotada, eu já desisto. O pior é que isso acontece quase todo dia”, revela. 

“Mas de ônibus também é demorado, porque eu vou até o Metrô Artur Alvim e daí tenho de usar um Metrô que também está lotado”, confessa. Quando a opção é ir de trem, além da lotação, ela diz que enfrenta problemas técnicos e lentidão no sistema da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPMT) diariamente.

Ester conta que o trajeto poderia ser realizado em uma hora, em dias sem trânsito nem interrupções. Na prática, ela costuma demorar o dobro do tempo. Somados os trajetos de ida e volta, Ester permanece mais de quatro horas por dia em deslocamentos só para  trabalhar. Há dias, descreve ela, em que chega a demorar três horas para chegar ao trabalho.

Paulistanos como ela puxam o tempo médio para cima, já que Ester gasta, no trem mais metrô ou ônibus mais metrô – dependendo da opção que ela adota a cada dia – 44 dias por ano no traslado entre sua casa e o local de trabalho.

A trabalhadora relata ter perdido a conta dos desmaios e brigas no trem. “A gente não consegue tirar o pé do chão, nem mover o braço e tem gente que se aproveita disto para se esfregar no outro”, reclama. “Mulheres grávidas e idosos ficam no meio disso tudo, em pé”, lamenta.

Metade não tem carro

A pesquisa detectou que metade dos entrevistados possui carro e a outra metade não tem veículos automotores. O número de pessoas que usa automóveis todos os dias, ou quase diariamente, caiu de 29% para 26%. Nos últimos três anos, o uso de automóveis caiu quatro pontos percentuais.

Embora haja 76% de motoristas dispostos a usar o transporte coletivo, caso houvesse boas alternativas, a avaliação da qualidade desse modal em São Paulo é negativa. Com a possibilidade de dar notas de um a 10, os moradores pesquisados atribuíram nota 3,4 à lotação dos ônibus, quatro para o preço das passagens e 4,1 ao tempo de duração da viagem.

Dos 15 aspectos sobre locomoção analisados em São Paulo, o pior continua sendo a situação do trânsito com nota 3,3. A insatisfação com o problema chegou a 68%.

O levantamento foi realizado pelo Ibope entre 25 e 30 de agosto e ouviu 805 paulistanos com 16 anos ou mais. A margem de erro estimada é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

Confira a pesquisa na íntegra no site do Movimento Nossa São Paulo

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