Solidariedade feminista

Mulheres protestam contra trabalho escravo na Riachuelo

Atos pelo mundo lembraram as vítimas do Massacre de Bangladesh, episódio no qual centenas de costureiras exploradas por grandes marcas morreram em desabamento de edifício no Sudeste Asiático

Reprodução/MMM

Fábrica da Riachuelo funcionou como “laboratório” da reforma trabalhista do governo Temer

São Paulo – A Marcha Mundial das Mulheres (MMM) realizou um protesto nesta terça-feira (24) em uma das lojas da Riachuelo na Avenida Paulista, região central de São Paulo. Nas vitrines, cartazes foram colocados em manequins com dizeres como “indústria da moda explora mulheres” e “trabalho terceirizado, vidas precárias”. Elas também alertaram as pessoas que passavam no local sobre a exploração e os abusos cometidos pela empresa e pelo setor têxtil em geral, no Brasil e no mundo. 

A manifestação fez parte de ação mundial desencadeada pelas mulheres, intitulada 24 Horas de Solidariedade Feminista, que neste ano lembra as vítimas do Massacre de Bangladesh. No episódio, ocorrido em 2013, o edifício Rana Plaza, que abrigava oficinas de costura, desabou, matando centenas de trabalhadores, mulheres em sua maioria, que produziam para grandes marcas internacionais em condições análogas à de escravidão. 

No Brasil, as manifestantes escolheram a Riachuelo devido ao histórico de exploração nas fábricas da rede e pelo apoio público do proprietário Flávio Rocha a pautas do governo Temer que retiram direitos, como a “reforma” trabalhista e a por ora fracassada reforma da Previdência, que afetam ainda mais diretamente as mulheres.

“A gente sabe que essa é uma realidade que não é só do Sudeste Asiático, mas do mundo inteiro. A ideia é que as mulheres que estão se mobilizando pelo mundo conectem esse massacre que aconteceu no Rana Plaza com as suas realidades locais. Por isso que aqui no Brasil a gente escolheu uma loja cuja fábrica dessa rede foi um laboratório da reforma trabalhista”, explica a integrante da MMM Carla Vitória à repórter Michelle Gomes, para o Seu Jornal, da TVT

Em setembro de 2017, a empresa foi condenada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) a pagar R$ 37 milhões em indenização por oferecer menores salários a funcionários de confecções contratadas no interior do Rio Grande do Norte, em comparação com as remunerações recebidas pelos trabalhadores da Guararapes, em Natal, estimulando a exploração e o trabalho escravo. 

Após expirar a Medida Provisória (MP) 808, que alterava alguns pontos da “reforma” trabalhista do governo Temer, passou a ser autorizado por lei que mulheres e gestantes atuassem em locais insalubres, por exemplo. Elas lembram ainda que, em função da dupla ou até tripla jornada, elas trabalham mais do que os homens. “Estamos sempre alertas, e seguiremos em marcha até que todas sejamos livres de todo tipo de opressão, do escravismo e da discriminação”, afirmou a também integrante da MMM Isabel Luiza Piragibe.

Assista à reportagem do Seu Jornal, da TVT:

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