Montadoras

Metalúrgicos do ABC prometem resistir a demissões na Ford

Empresa demitiu, por telegrama, 364 funcionários que estavam em 'lay-off'

SMABC

Sindicato orientou trabalhadores a não assinar rescisão. Fábrica vai parar segunda e terça e terá nova assembleia na quarta

São Paulo – Trabalhadores na fábrica da Ford em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, prometem resistir a demissões anunciadas nesta quinta-feira (10) pela montadora, que atingiu 364 funcionários que estavam no chamado lay-off (suspensão temporária dos contratos). Eles foram avisados por telegrama. Em assembleia realizada na manhã desta sexta-feira, eles iniciaram um processo de paralisações, começando pelo setor de Estamparia.

O corte corresponde a quase 10% da mão de obra da empresa na unidade do ABC, a mais antiga da companhia no Brasil. A unidade tem aproximadamente 4 mil funcionários. A montadora alega que tem excedente de pessoal, enquanto o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC afirma que há um acordo de estabilidade em vigor até janeiro e que é possível discutir outras alternativas.

Estávamos debatendo o futuro da fábrica e, de repente, vieram os telegramas. Os trabalhadores jamais irão aceitar demissões sumárias”, afirmou o coordenador do comitê sindical, José Quixabeira de Anchieta. “Estamos abertos a dialogar com a empresa, mas enquanto não houver uma solução a luta vai continuar. Vamos fazer com que nos respeitem”, acrescentou. “Não dá para aceitar que companheiros com mais de 15, 20 anos de casa sejam tratados dessa forma”, disse o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM-CUT) e vice-presidente do sindicato do ABC, Paulo Cayres, que também é funcionário da Ford.

A entidade orientou os trabalhadores a não assinar a rescisão contratual. Haverá nova assembleia na próxima quarta-feira (16) – a fábrica, que produz o New Fiesta Hatch, não funcionará nos dois dias anteriores. O local tem ainda uma unidade de caminhões.

Balanço divulgado em julho aponta crescimento de 12% nas vendas e de 18% na receita da Ford na América do Sul no segundo trimestre em relação a igual período do ano passado, atingindo US$ 1,5 bilhão. A empresa ganhou participação de mercado, em parte pelo bom desempenho de vendas do Ka, que é produzido na Bahia.