Contra o desmonte

Petroleiros paralisam refinarias por tempo indeterminado

Categoria participou do dia de mobilizações nesta sexta-feira e denuncia redução de efetivo que pode comprometer a segurança de funcionários

Rovena Rosa/Agência Brasil

Redução do efetivo em refinarias coloca em risco a segurança dos trabalhadores, diz FUP

São Paulo – A sexta-feira de mobilização contra as reformas propostas pelo governo Temer contou com a adesão dos petroleiros em todo o país. Mas, nas refinarias, a greve vai prosseguir em tempo indeterminado.

“São dois movimentos: uma parte da categoria esteve engajada na questão da greve pelas diretas e contra as mudanças impostas nas leis trabalhista e previdenciária, e outro segmento, os trabalhadores do refino, estão em greve não só pelas questões nacionais, mas por prazo indeterminado”, explica o coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel.

Segundo o dirigente, a paralisação acontece “por conta da redução dos efetivos das áreas operacionais de refino que a Petrobras está impondo goela abaixo”. “A adesão nas refinarias é praticamente de 100%, quem não está aderindo é a equipe de contingência da empresa”, pontua.

De acordo com Rangel, a companhia está descumprindo a Cláusula 91 do Acordo Coletivo de Trabalho e a Norma Regulamentadora 20 (NR-20), que estabelece requisitos mínimos para a gestão de segurança e saúde no trabalho com inflamáveis e combustíveis. “Foram feitos dois programas de desligamento com uma saída muito grande das áreas operacionais e foram reduzidos os efetivos variando entre 15% a 25% nas refinarias.”

A FUP denuncia ainda que está em ação uma operação de “desmonte” da Petrobras, com “entrega do patrimônio público a preço de banana”, segundo o coordenador da entidade. A federação aponta que a alteração da política de preços de combustíveis reduziu a carga processada nas refinarias e fez com que a estatal perdesse espaço para rivais. O parque de refino está operando hoje, de acordo com a FUP, com pouco mais de 70% de sua capacidade.

“É mais agressivo do que na época do FHC, porque ele tinha um projeto de poder de 20 anos, podia se dar ao luxo de fazer as coisas mais lentamente. O Temer tem que pegar a fatura do golpe e não sabe quanto tempo  vai ter”, afirma Rangel.

Em comunicado divulgado nesta sexta-feira, a Petrobras informou que as “atividades da empresa estão mantidas sem prejuízo à produção, estando preservada a segurança dos trabalhadores e das instalações”.

 

Leia mais: