Ultratividade

Setor farmacêutico garante reajuste e manutenção de acordo coletivo

Convenção válida para sindicatos ligados à CUT em São Paulo foi assinada nesta terça-feira

Eduardo Oliveira/Sindicato dos Químicos de SP

Nas 10 últimas negociações, ganho real superou 9%, de acordo com a Fetquim.

São Paulo – Os sindicatos do setor químico e farmacêutico ligados à Fetquim, federação estadual da categoria em São Paulo (CUT), assinaram com as entidades patronais nesta terça-feira (11) a convenção coletiva da categoria, que prevê reajuste de 5%, inclusive sobre o piso salarial, participação nos lucros ou resultados (PLR) e aumento de 20% na cesta básica ou vale-alimentação para quem recebe o piso.

Segundo a entidade, uma novidade é a “ultratividade” do acordo: os itens valerão até a renovação da convenção, que atinge perto de 43 mil trabalhadores. O Dieese calcula o impacto do reajuste em R$ 196,5 milhões nos 12 próximos meses.

De acordo com a Fetquim, o reajuste de 5% para salários nominais de até R$ 8.300 inclui ganho de 0,41 ponto percentual – até março, o INPC em 12 meses, calculado pelo IBGE, está acumulado em 4,57%. Para quem recebe acima daquele valor, o acordo prevê aumento com valor fixo de R$ 415 (5% do teto, que foi corrigido em 6,95%).

A Fetquim, lembra que a inflação perdeu força nos últimos meses, caindo em aproximadamente cinco pontos percentuais em relação a igual período do ano anterior. “É importante destacar que a expressiva queda na taxa da inflação está intimamente ligada ao quadro recessivo da economia brasileira, ou seja, a alta taxa de desemprego, a queda nos salários, a contração dos investimentos públicos e privados, o endividamento das famílias e das empresas e a baixa expectativa dos agentes em relação ao futuro impulsionam para baixo o nível geral de preços”, lembra a entidade.

Diante desse cenário, a federação considera “um saldo bastante positivo” o fechamento do acordo com aumento real (acima da inflação). Nas 10 últimas negociações, esse ganho supera 9%, diz a Fetquim.

O piso para empresas com até 100 funcionários foi fixado em R$ 1.477. Nas empresas a partir de 101 empregados, o valor será de R$ 1.629. Com aumento de 6,95% (1,86 ponto acima da inflação), a PLR corresponderá, no primeiro caso, a R$ 1.577. Nas demais empresas, será de R$ 2.188.

“Importante salientar que o debate de ideias sempre marcou as negociações coletivas no setor farmacêutico e este ano não foi diferente com a proposta de criação de dois novos grupos de trabalho, sendo um deles que vai discutir a cláusula denominada complementação do auxílio doença, acidente de trabalho, doença profissional, quanto à ocorrência de divergência entre a alta pela perícia do INSS e a avaliação sobre o retorno ao trabalho pelo médico da empresa, e o outro que vai tratar da campanha de esclarecimento acerca da aplicação da cláusula denominada auxílio por filho excepcional”, acrescenta a Fetquim.