Para presidente da CUT, base governista está ‘desmilinguindo’
O próprio ministro do Trabalho criticou substitutivo ao projeto de reforma trabalhista
Publicado 19/04/2017 - 17h11
“Como é que pode tirar nossos direitos um presidente que não consegue sair do (Palácio do) Jaburu, não consegue viajar para nenhum lugar do país?”, questiona Vagner Freitas
São Paulo – A base do governo no Congresso está “desmilinguindo”, disse na tarde de hoje (19), em Brasília, o presidente da CUT, Vagner Freitas, ao comentar a votação da véspera do pedido de urgência para o projeto da reforma trabalhista, quando o Planalto não conseguiu o número de votos necessário. “O Temer é o mais impopular presidente do nosso país. Como é que pode tirar nossos direitos um presidente que não consegue sair do (Palácio do) Jaburu, não consegue viajar para nenhum lugar do país?”, questionou.
O governo pressionou para que a Câmara vote novamente nesta quarta-feira um pedido de urgência. Outro requerimento já foi feito, assinado por parte dos líderes partidários. Ontem, nem todos os partidos que apoiam o governo votaram a favor da proposta. O PSB, por exemplo, teve 19 votos contrários e 12 favoráveis à urgência. Mesmo o PMDB, partido do presidente, teve seis votos contra. No PSDB, foram dois. No Solidariedade, cujo presidente, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SP), defendeu o impeachment, nove parlamentares foram contra a urgência e só quatro a favor. Paulinho, que é também presidente da Força Sindical, votou não.
O próprio ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, fez críticas publicamente ao substitutivo ao Projeto de Lei 6.787 apresentado pelo relator, deputado Rogério Marinho (PSDB-RN). Ele citou itens não previstos no texto original, como o fim da contribuição sindical e o trabalho intermitente.
“Precisamos manter a coerência naquilo que foi construído com trabalhadores e empregadores. E não houve consenso com relação ao trabalho intermitente. E também não houve a discussão no que diz respeito à contribuição sindical”, disse o ministro, segundo o jornal Valor Econômico. “É coerente por parte do governo não surpreender o trabalhador com pontos novos além daqueles que foram construídos como consenso.” Segundo ele, os deputados têm autonomia para votar, mas isso não significa que Temer sancionará o texto integralmente.
O presidente da CUT lembrou que centrais sindicais e movimentos sociais organizam uma greve geral, no próximo dia 28, contra as reformas e a recém-aprovada lei da terceirização. “É para não ir trabalhar. A hora do ato é a hora do seu serviço”, afirmou.