Reação

Sindicatos do ABC lançam comitê contra reforma da Previdência

Para políticos e sindicalistas, Temer quer acelerar a votação da reforma para restringir o debate. Eles também apontam falta de transparência nos números

reprodução/TVT

No Sindicato dos Químicos, auditório lotado para o lançamento do Comitê do ABC contra a reforma

São Paulo – Para esclarecer e mobilizar a população contra a retirada de direitos promovida pelo governo Temer, sindicatos e centrais lançaram ontem (6) o Comitê Regional do ABC contra a Reforma da Previdência. O evento, realizado no Sindicato dos Químicos, em Santo André, contou com a participação de representantes de todos os sindicatos da região ligados à CUT, como o dos metalúrgicos, e também de entidades filiadas às demais centrais. 

“O comitê tem por intenção primeira reunir todas as entidades, todos os trabalhadores, em torno dessa que é uma pauta comum, contra a reforma da Previdência, e a partir daí, montar uma agenda de lutas”, explica o secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, o Wagnão, em entrevista à repórter Soraia Fessel, para o Seu Jornal, da TVT

“O comitê deve atuar articulando as demais forças da sociedade, não só sindicatos e centrais sindicais, mas a sociedade civil, igrejas, movimentos sociais, para que façamos o debate, esclarecendo a população dos riscos com essa reforma”,  detalha o secretário-geral da CUT-SP, João Cayres.

Para o deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP), é fundamental a contribuição do comitê na divulgação de informações para os trabalhadores: “Temos agora uma comissão especial instalada na Câmara, cujo trabalho está sendo numa velocidade altíssima, e isso atende uma estratégia, que é exatamente impedir que a população brasileira saiba exatamente o conteúdo daquilo que eu chamo de contrarreforma, porque vai na linha de destruir a previdência pública. O comitê serve para organizar, planejar e agir.”

Também presente no lançamento, o deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-SP), afirmou que a intenção da reforma é aumentar o lucro do sistema financeiro. “O que eles querem, de fato, é acabar com a Previdência, porque assim os donos de bancos e os grupos econômicos internacionais passarão a ganhar mais dinheiro. A Previdência virará mercadoria, como tudo no neoliberalismo é mercadoria.”

Para Carlos Gabas, que foi ministro da Previdência nos governos Lula e Dilma, falta transparência neste debate. “É um conjunto de políticas que foi construído ao longo de décadas de muita luta, de muita reivindicação, e não pode ser desmontado com a retórica de que é insustentável, de déficit e não para em pé. Nós queremos ver os números e discutir alternativas de sustentabilidade, que não seja retirada de direitos.” 

Comitê Regional do ABC contra a Reforma da Previdência vai fazer ação de panfletagem na próxima segunda-feira (13), como preparativo das mobilizações do próximo dia 15, com ato marcado na Avenida Paulista, na região central de São Paulo.