Caiu a ficha

Ato na Paulista fecha dia de mobilização em São Paulo

Número de manifestantes era estimado em mais de 300 mil pessoas por volta das 19h. Protestos em todo o país pediram rejeição total à proposta de reforma da Previdência

Ricardo Stuckert

‘Começou a cair a ficha sobre o tamanho do ataque das reformas’, afirmou Guilherme Boulos

São Paulo – Por volta das 19h desta quarta-feira (15), a Avenida Paulista estava totalmente tomada por mais de 300 mil trabalhadores contrários à reforma da Previdência proposta pelo governo Temer. Do Museu de Arte de São Paulo (Masp), onde se concentram os manifestantes, não era possível ver onde terminava a ocupação da via. A todo momento os presentes iniciavam coros de “Fora Temer“, reivindicando a rejeição total da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287, que define a reforma.

Depois de uma dia de intensa mobilização, com paralisação de motoristas de ônibus, metroviários, bancários, metalúrgicos, professores, químicos e servidores públicos de várias áreas em todo o país, o presidente da CUT, Vagner Freitas, disse que o recado está dado. “Não vamos aceitar as reformas da Previdência e trabalhista. É bom que deputados e senadores saibam que quem votar a favor será cobrado. Vamos visitar as casas deles, vamos denunciar insistentemente. Não vão acabar com os direitos dos trabalhadores.”

Guilherme Boulos, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) afirmou que o dia de hoje é “um marco”. “Até aqui, nas últimas manifestações e dias de luta, estavam vindo às ruas apenas os movimentos organizados. Hoje tivemos um salto de qualidade. Muita gente que não está necessariamente mobilizada veio às ruas. Vários trabalhadores de diversas categorias estão paralisados em todo o Brasil. Temos já mais de 100 mil pessoas na Paulista, seguramente. Começou a cair a ficha sobre o tamanho do ataque das reformas trabalhista e da Previdência. É o início de um novo momento”, concluiu.

Um dos principais pontos da reforma da Previdência é que seja estabelecida idade mínima de 65 anos, eliminando a concessão do benefício por tempo de serviço. O valor da aposentadoria, de acordo com o projeto, passará a ser calculado levando-se em conta 51% das maiores contribuições com 1% adicionais a cada ano de contribuição. Na prática, isso faz com que seja necessário trabalhar formalmente por 49 anos para se obter o benefício integral.

A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, destacou que, com a mera divulgação da proposta da reforma, os planos de previdência privada dos bancos passaram a ser supervalorizados. “Essa reforma só beneficia os banqueiros. Ela prejudica em especial as mulheres, que ganham até 30% menos que os homens e cumprem dupla jornada. Se igualar a idade mínima, elas serão as mais prejudicadas. A Previdência é do povo. Esse governo golpista não pode acabar com ela”, afirmou.

A professora Tânia Vendrasco avaliou que a reforma prejudica especialmente os professores e pode ser mais um elemento a desestimular que os jovens ingressem na carreira. Hoje os professores podem se aposentar com 25 (mulheres) ou 30 anos (homens) de contribuição. “Sofremos muito estresse em sala de aula. Temos de aguentar a falta de estrutura, elevado número de alunos, ameaças, problemas de violência dentro e fora da escola. A aposentadoria especial é uma forma de reconhecer essa situação. Hoje já não há estímulo para sermos professores. A reforma piora isso”, afirmou.

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