Trabalhadores dos EUA recebem apoio da CUT em luta contra montadora japonesa

Freitas, o deputado Jim Evans e Cayres, diante do prédio do parlamento estadual do Mississippi (Foto: Paulo Donizetti de Souza/RBA)) Jackson (Mississipi) – Um grupo de parlamentares ligados aos movimentos […]

Freitas, o deputado Jim Evans e Cayres, diante do prédio do parlamento estadual do Mississippi (Foto: Paulo Donizetti de Souza/RBA))

Jackson (Mississipi) – Um grupo de parlamentares ligados aos movimentos sociais no estado norte-americano do Mississipi recebeu ontem (29) integrantes de uma campanha mundial pelo direito à democracia nas relações de trabalho na montadora Nissan. A unidade da fábrica japonesa – instalada na cidade de Canton, na região metropolitana da capital, Jackson, e onde 70% dos trabalhadores são de afro-americanos –, é denunciada por descumprir convenções internacionais e empreender medidas de terror para que seus empregados não se associem ao sindicato do setor, a United Auto Workers (UAW).

O presidente da CUT, Vagner Freitas, e o secretário de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM), João Cayres, integram a delegação. A campanha é liderada pela UAW – que reúne metalúrgicos do setor automotivo da América do Norte – e apoiada por lideranças estudantis, religiosas, políticas e comunitárias.

A comitiva recebida na manhã de ontem pelo senador estadual Derrick Simmons e o deputado local Jim Evans, ambos do Partido Democrata e com origem no movimento sindical, visitou as câmaras legislativas do estado e da prefeitura da capital.

“A presença da CUT fortalece esta campanha por se tratar de uma das mais importantes organizações do mundo”, afirmou Evans. Os parlamentares cobram da montadora – principal empresa do estado – a abertura de diálogo e respeito às reivindicações da comunidade, uma vez que conta com subsídios públicos e incentivos fiscais para instalar sua planta local.

Para que a UAW seja reconhecida como representante sindical, é preciso que a adesão seja aprovada por 50% mais um dos empregados. A companhia, no entanto, é acusada de promover intensa campanha contrária – movida a perseguições, ameaças de demissão e de fechamento da unidade na cidade. “Queremos apenas o direito a uma eleição limpa e que cada parte expresse seu ponto de vista democraticamente”, disse Evans.

Em audiência pública na Câmara Municipal, Vagner Freitas ressaltou o papel do movimento sindical nos avanços sociais nos últimos anos no Brasil e na América Latina, e a responsabilidade dos sindicatos de atuar em sintonia com os interesses de toda a sociedade.

“Nossa presença aqui representa a continuidade de uma luta que vem alcançando bons frutos. É uma luta inspiradora, como é a luta do povo negro americano em defesa de sua dignidade. Apesar dos avançados já obtidos, ainda há um enorme fosso de desigualdade a ser superado. E para isso é necessário um movimento sindical forte e respeitado também nos Estados Unidos. Viemos somar nossas forças, experiências e culturas, porque sozinhos não existimos”, afirmou o presidente da CUT.

Cayres lembrou que a conduta da Nissan em nada protege o desempenho da empresa – está historicamente comprovado que melhores salários e condições de trabalho estão diretamente associados a períodos de bom desempenho nos lucros da fábrica – e emperra a superação das desigualdades sociais, ainda fortemente presentes no Mississipi, estado mais pobre dos Estados Unidos.

“A superação das desigualdade e de toda forma de discriminação é bandeira importante de todo movimento sindical”, disse o dirigente da CNM-CUT.