Tradicional missa abre a festa do Trabalho no ABC paulista

Depois de 30 anos, cardeal Dom Claudio Hummes presidiu celebração e fez retrospecto de quando abriu Igreja à luta dos trabalhadores

Dom Claudio Hummes emocionou-se ao rever lideranças da região (Foto: Amanda Perobelli/ABCD Maior)

São Bernardo – A tradicional Missa do Trabalhador, realizada na manhã de hoje (1), na Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, em São Bernardo, deu início às comemorações ao Dia do Trabalho no ABC paulista. Mesmo sem a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a celebração estava lotada e contou com a participação de diversos políticos da região, entre eles o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, os deputados federais Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, e Vanderlei Siraque, a deputada estadual Ana do Carmo e o vereador José Ferreira.

O cardeal dom Claudio Hummes, que foi bispo da Diocese de Santo André entre 1975 e 1996, presidiu a celebração e fez um retrospecto, durante sua homilia, de toda a luta dos trabalhadores na década de 1980, quando a classe trabalhadora do ABC demonstrou sua consciência e força, realizando manifestações que exigiam direitos trabalhistas. “É saudoso lembrar dos movimentos e assembleias que aconteciam nessa igreja e praça. Fico emocionado em rever tantos nomes que fizeram história. Apoiamos o movimento porque era pacífico e suas reivindicações eram justas”, disse dom Claudio.

O prefeito Luiz Marinho afirmou que os trabalhadores do Brasil estão no melhor momento dos últimos dez anos. “O fruto que colhemos hoje é resultado das lutas da década de 1980. É pela democracia que iremos vencer. O país tem tudo para continuar crescendo.”

O evento, que está em sua 32º edição, abriu a série de atividades que são realizadas durante a tarde no Paço Municipal de São Bernardo em homenagem aos trabalhadores. Entre as atrações musicais estão Zezé Di Camargo e Luciano, Luan Santana e Paula Fernandes. O ato político está marcado para as 18h30. A dupla Bruno e Marrone encerra as comemorações.

História – Em 1980, quando da primeira missa, os metalúrgicos estavam em greve e a principal liderança do movimento, Lula, estava presa. A matriz ficou lotada na ocasião, com a multidão tomando toda a praça, do lado de fora. Todos estavam cercados por tropas da Polícia Militar e helicópteros do Exército sobrevoavam o local. 

O regime militar já havia anunciado que nenhuma manifestação seria permitida após a missa. No entanto, a multidão saiu em passeata após a celebração pela rua Marechal Deodoro. Milhares de pessoas contornaram a praça Samuel Sabatini, onde fica o Paço Municipal, e foram até o estádio de Vila Euclides, onde outra manifestação foi realizada. Atualmente, o estádio é denominado Primeiro de Maio.