Professores de 24 estados e do Distrito Federal estão em greve pelo piso nacional

Segundo a CNTE, adesão em todo o país é forte. Apesar de a paralisação pelo cumprimento da lei do piso seguir até sexta-feira (16), mais estados podem deflagrar greve

São Paulo – Com passeatas e assembleias, professores de todo o país iniciaram hoje (14) greve pelo cumprimento da lei do piso nacional do magistério, fixada pelo Ministério da Educação (MEC) em R$ 1.451 em 2012 para jornadas de 40 horas semanais. A mobilização segue até sexta-feira (16). Segundo levantamento da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), apenas nove estados pagam o valor estabelecido.

A adesão à mobilização é forte, de acordo com a entidade. Somente Espírito Santo e Rio Grande do Norte não aderiram em razão de acordo feito entre sindicatos e governo, mas também endossaram a mobilização nacional com protestos.

No Distrito Federal, Rondônia, Goiás e Piauí, os professores, que já estavam em greve, também participaram da mobilização de hoje. No Acre, a paralisação é parcial, e os educadores devem parar atividades na sexta-feira.

Roberto Franklin de Leão, presidente da CNTE, ressalta que alguns estados podem aproveitar o espírito de mobilização e deflagrar greve por tempo indeterminado. É o caso dos professores da rede estadual de São Paulo. Apesar de já receberem o piso, eles farão assembleia geral na sexta para decidir se entram em greve por conta do descumprimento da jornada do piso.

“Eles podem embalar na mobilização, assim como outros que já entraram em greve. Vários estados farão assembleias para orientar seus professores sobre o que vão fazer nos próximos dias”, disse Leão. Os professores pedem também a reestruturação dos planos de carreira e investimento de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) no Plano Nacional de Educação (PNE), em trâmite no Congresso.

Um dos estados que possui maior adesão é Tocantins, com paralisação em 11 cidades. Balanço com as escolas que tiveram as atividades suspensas será divulgado até sexta-feira.

Ato no DF

Em greve desde segunda-feira (12), os professores do Distrito Federal – onde o governo já paga o piso nacional – protestaram hoje em frente à casa oficial do governador Agnelo Queiroz (PT). Eles pedem o cumprimento de acordo de reajuste de 13,83% selado com o governo em abril do ano passado, e anunciado em outubro. Desde então, o governo alega que não poderá se comprometer com mais gastos com pessoal neste ano, sob risco de atingir o patamar previsto pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

De acordo com o Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro), apesar da LRF, o governo não se intimidou em criar novos gastos.

A adesão da categoria no terceiro dia alcançou 70% em todo o Distrito Federal, segundo a entidade. Em cidades como Brazlândia e Santa Maria, a adesão chega a 80%. Até que seja realizada a próxima assembleia geral, no dia 20, na Praça do Buriti, as regionais do sindicato continuam no trabalho de convencimento.

Professores municipais

Os professores municipais de São Paulo em campanha salarial reuniram-se hoje em frente à Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão, na região central. A manifestação também apoiou a paralisação nacional da categoria. A pauta de reivindicações apresentada em 2 de março pelo Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeen) prevê a antecipação de duas parcelas de reajuste de 10,19% previstas para serem pagas em 2013 e 2014, além da incorporação das gratificações.

A prática da terceirização nas escolas públicas municipais, que avançou na gestão do prefeito Gilberto Kassab (PSD), também é criticada pelos professores paulistanos. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, o número de Centros de Educação Infantil (Ceis) indiretos, administrados por Organizações Sociais (OSs) é de 319, ante 313 do município. Outra questão em negociação na campanha salarial é a superlotação das salas de aula, além de melhoria da estrutura das escolas e condições de trabalho. A data-base dos servidores é 1º de maio.