Trabalhadores do Santander negociam manutenção de aditivos

Conversa foi reaberta sob pressão de sindicatos e de deputados, que analisam a possibilidade de criação de uma CPI para investigar privatização feita por governo de São Paulo

Representantes dos trabalhadores, do Santander e parlamentares debatem na Câmara as demissões promovidas pelo banco (Foto: Luiz Alves. Agência Câmara)

Os representantes dos bancários do Santander têm, nesta quarta-feira (18). uma reunião com a direção da instituição financeira. O banco, que chegou a cancelar encontros em outubro,  resolveu reabrir as conversas sob pressão de sindicatos e de deputados federais, que ameaçam convocar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

Todos os anos, como compradora do Banespa, a instituição financeira tem a obrigação de pagar os chamados aditivos, que garantem direitos além do acordado com os bancários como um todo. A demanda ocorre além dos termos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho, que valem para toda a categoria.

A reunião foi acertada durante audiência pública conjunta de várias comissões da Câmara no começo deste mês. Em Brasília, os representantes dos funcionários reclamaram de mais de duas mil demissões depois da fusão entre Santander e Real. Com lucro na casa de R$ 1,472 bilhão só no terceiro trimestre, o banco vem sendo questionado por sua falta de responsabilidade social.

A deputada Emília Fernandes (PT-RS), que vai pedir a organização de uma nova audiência pública no início dos trabalhos legislativos de 2010, entende que há um tratamento diferenciado para os trabalhadores da matriz, na Espanha. “Se analisarmos a interlocução que eles têm com os funcionários na Europa, e a maneira como conduzem o diálogo aqui, há uma atitude profundamente desrespeitosa”, afirma.

Por isso, o deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP) iniciou a coleta de assinaturas para a criação de uma CPI do Santander. Inicialmente, a comissão investigaria a privatização do Banespa, concluída há exatos dez anos pelo governo Mário Covas – Geraldo Alckmin. O parlamentar retardou a entrega de requerimento para criação da CPI a pedido de colegas que pediram que se aguarde o andamento das negociações.

“O que estamos pregando é a manutenção do diálogo e da transparência. Se for cortado qualquer um desses itens, acho que realmente temos de partir para questões mais fortes, o que uma CPI poderia fazer”, afirma Emilia Fernandes.

Aposentados

A situação dos aposentados do banco também mobiliza os sindicalistas. De acordo com a Associação dos Funcionários Aposentados do Banespa (Afabesp), o reajuste de 15 mil ex-funcionários ficou parado entre 2001 e 2007. Os servidores foram admitidos antes de 1975, quando o estado de São Paulo arcava com o complemento do benefício.

“A privatização, a gente sabe, na grande maioria dos setores beneficia mais o lucro e o capital do que a geração de emprego. Basta ver os resultados da greve na Caixa e no Banco do Brasil, em que as conquistas dos trabalhadores foram maiores”, explica a deputada do PT.