Com passeata, bancários ampliam paralisação

Em São Paulo, passeata cobra negociação e proposta. O 12º dia da greve nacional dos bancários terminou com novas adesões em todo o país

(Foto: Paulo Pepe/Seeb-SP)

Cerca de 1.500 bancários foram às ruas do centro velho de São Paulo, em passeata, nesta terça-feira (6), 13º dia de greve, para cobrar a retomada das negociações e apresentação de uma proposta por parte Federação dos Bancos (Fenaban). Em São Paulo, a estimativa é de que 700 locais de trabalho estejam paralisados. Em todo o país já são 7.054 nos 26 estados mais o Distrito Federal.

Em Santo Amaro, zona sul da capital paulista, no Centro Administrativo do Santander, conhecido como Casa 1, a polícia foi acionada para tentar impedir a paralisação. Por volta das 6h, os bancários que chegavam para trabalhar foram mobilizados e, às 7h20, o Santander chamou a polícia. Apesar de os portões terem sido abertos pela PM, os trabalhadores mantiveram-se em greve. A polícia foi chamada sete vezes na parte da manhã.

“Fomos às ruas para mais vez deixar claro que o fim da greve está nas mãos dos banqueiros, basta apresentarem uma proposta que preveja aumento real de salários e Participação nos Lucros e Resultados (PLR) maior e mais justa”, disse Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e membro do Comando Nacional dos Bancários.

Os bancários chegam nesta quarta-feira (7) ao 14º dia de greve, com assembleia às 17h, na quadra da categoria (Rua Tabatinguera, 192 – Sé) para decidir os rumos do movimento.

Balanço

Além das agências bancárias, ficaram fechados prédios administrativos da Nossa Caixa, Unibanco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, além do Bradesco em Osasco, e do centro empresarial Itaú Conceição, na zona sul da capital paulista. A greve dos bancários ganhou o apoio de mais 1,5 mil trabalhadores do , também na zona sul.

A categoria reivindica 10% de reajuste salarial (sendo 5% de aumento real), Participação nos Lucros e Resultados (PLR) composta pelo pagamento de três salários, acrescidos de valor fixo de R$ 3.850.

Apoio internacional

Cresce a repercussão internacional sobre práticas antissindicais e de violência usadas pelos bancos contra os trabalhadores na campanha deste ano. Após receber o apoio de sindicatos de outros setores e que representam trabalhadores de diversos países, agora foi a vez da UNI Global Union, sindicato mundial que representa 900 entidades e cerca de 20 milhões de trabalhadores em todo o mundo.

O secretário-geral da entidade, o galês Philip J. Jennings, enviou cartas ao ministro do Trabalho, Carlos Lupi, e ao presidente da Fenaban e também presidente do Santander, Fábio Barbosa, em repúdio à postura dos banqueiros e da Polícia Militar durante a greve deste ano. Emílio Botín, presidente mundial do Santander, recebeu cópia das duas mensagens.

A carta destaca também a prisão da sindicalista Maria Rosani, funcionária do Santander.  “Como ministro do Trabalho do Brasil, pedimos para que intervenha e interrompa esse desacato mostrado pela Fenaban com os bancários”. O texto pede “solução imediata”, para algo que está deixando a federação internacional “profundamente preocupada”.

A carta endereçada a Fabio Barbosa segue a mesma linha e exige que o presidente da federação dos bancos “recue imediatamente desta postura de desacato aos bancários e permita a expressão democrática dos trabalhadores do setor financeiro sem que precisem temer por sua segurança”. A mensagem é encerrada clamando pelo diálogo “para que a solução seja encontrada imediatamente”.

Com informações da Contraf-CUT e Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região