Governo e usinas fazem acordo para melhorar situação de cortador
Segundo o Planalto, 303 das 403 usinas já se comprometeram a aceitar auditorias independentes que fiscalizarão condições dos trabalhadores
Publicado 25/06/2009 - 17h48
BRASÍLIA – O governo, empresários e trabalhadores do setor sucroalcooleiro lançaram nesta quinta-feira um compromisso nacional para melhorar as condições de trabalho na atividade.
O compromisso, que não tem alcance legal, propõe o fim da terceirização no cultivo da cana. Algumas das iniciativas, se cumpridas pela indústria, podem gerar custo adicional.
De acordo com a cláusula segunda do pacto, as empresas se comprometem a complementar o pagamento da diária correspondente ao piso salarial para os trabalhadores que não alcançarem tal remuneração com sua produção diária, além de contratar diretamente sua mão-de-obra para as atividades manuais de plantio e corte de cana-de-açúcar com registro em carteira de trabalho.
“Há 40 anos nós não nos conhecíamos e já éramos inimigos de classe. Usineiro era tratado e vendido como se fosse uma coisa nefasta do setor empresarial brasileiro”, disse o presidente Inácio Lula da Silva durante a cerimônia de lançamento.
Segundo o secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, das 403 usinas, 303 já assinaram o compromisso. Uma comissão nacional com representantes dos três setores poderá fazer auditorias independentes para averiguar o cumprimento das normas.
Marcos Jank, presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), disse que o setor tem mais de mil indústrias de suporte, e gera quase 1 milhão de empregos diretos.
“Esse é um dia histórico. Queremos educar e contribuir para a recolocação dos trabalhadores que perderam seu emprego por conta da mecanização”, disse Jank, acrescentando que esse é um modelo “inovador” de cooperação tripartite.
No compromisso firmado, as empresas se comprometem também a assegurar melhores condições de trabalho e que o trabalhador migrante que atua nos canaviais tenha garantido meios de retornar a seu município de origem depois da colheita.
O empregador deve garantir também que o trabalhador realize duas pausas coletivas por dia, além de providenciar melhores condições de atendimento médico.
O compromisso nacional, que foi discutido por onze meses, entra em vigor imediatamente e tem prazo de dois anos de vigência, podendo ser prorrogado se os três setores concordarem.
Reuters. Todos os direitos reservados.