Sindicatos prometem segurar até junho anúncio de apoio a candidatura presidencial

Anúncio ocorre em conferência das seis centrais sindicais que substitui, em 2010, a Marcha Nacional da Classe Trabalhadora, realizada desde 2004 em Brasília

A posição das centrais sindicais a respeito da eleição presidencial deste ano será definida e anunciada no dia 1º de junho. Uma Conferência Nacional da Classe Trabalhadora será convocada pelas seis entidades reconhecidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em São Paulo (SP). Um documento com diretrizes para o que os sindicalistas chamam de “projeto de país” será também definido a partir de conferências estaduais.

O evento deve suplantar a Marcha da Classe Trabalhadora a Brasília, convocada anualmente desde 2004 para a capital federal. A data do evento foi escolhida antecedendo a Copa do Mundo, para evitar um esvaziamento da ação. As definições foram estabelecidas na manhã desta quinta-feira (21), em reunião na capital paulista que também estabeleceu prioridade para a aprovação da redução da jornada máxima de trabalho de 44 para 40 horas semanais sem redução de salários (leia mais).

A escolha da candidatura “que pode implementar a pauta de reivindicações da classe trabalhadora” será feita independentemente de os candidatos encamparem a totalidade das propostas nem exigência de assinaturas de compromissos. Apesar dos elos históricos entre centrais como a CUT com o PT e da Força Sindical com o PDT, segundo os sindicalistas, o apoio a uma candidatura da ministra-chefe da Casa Civil e pré-candidata à Presidência Dilma Rousseff só será definido na conferência. Não está descartada a hipótese de mais de um candidato receber apoio.

“Todos aqui têm experiência para saber quem tem condições de implementar esse programa dos trabalhadores e quem não tem”, analisa Artur Henrique, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT). “A direita deste país nunca abriu espaço para os trabalhadores incidirem sobre o debate político, econômico e eleitoral, nem espaço para decidir e negociar como tivemos nos últimos anos”, sinaliza.

“Não vou arriscar a dizer nome, mas as seis centrais vão ter posição política, porque nessa disputa temos lado, o dos trabalhadores. E sabemos quem, historicamente, está do lado dos trabalhadores e quem não está”, insiste Artur.

“Claro que as centrais sindicais são pluralistas, queremos pautar todos os partidos políticos e candidatos e candidatas, para garantir os interesses dos trabalhadores”, afirma João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical. “O fato de termos escolhido Lula no passado não significa que ele é nosso amigo. Precisamos descobrir qual é o nosso projeto para ir para cima de quem for eleito, ganhe a Dilma (Rousseff), ganhe o (José) Serra, ganhe quem for”, analisa.

Até 1º de junho, conferências estaduais devem encaminhar propostas para a plataforma conjunta. “As definições vamos ter no dia 1º de junho”, garante Canindé Pegado. “Vamos apontar como deve ser o país, os problemas enfrentados e quem tem condições de implantar esse projeto”, detalha.

União das centrais

Os sindicalistas ressaltaram a importância da união das centrais para garantir poder de pressão na agenda política do país. A avaliação é que a experiência das marchas dos trabalhadores a Brasília fortaleceu os trabalhadores e trouxe conquistas reais, como a política de reajustes do salário mínimo até 2023, a correção da tabela de imposto de renda, negociação da Previdência etc.

A ideia é apresentar à sociedade uma pauta unificada sobre a nação do ponto de vista econômico, político, ambiental etc. “Vamos apresentar um projeto focado na melhoria das condições de trabalho e na distribuição de renda”, sustenta Wagner Gomes, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). A elaboração e a sistematização das propostas deve ter apoio dos departamentos intersindicais de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e de Assessoria Parlamentar (Diap).

“Nas questões centrais para os trabalhadores, a unidade de ação das centrais não vem de hoje”, comemora Luis Antonio Festino, Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST). “A Agenda de Desenvolvimento de 2007 e as marchas vão refletir no dia 1º de junho, apesar de haver diferenças programáticas e ideológicas entre as entidades”, completa.

Para Carlos Pereira, secretário-geral da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), o objetivo da Conferência é aumentar a participação e o protagonismo dos trabalhadores, para “aprofundar as mudanças que o Brasil está vivendo”. “Precisamos ter desenvolvimento econômico, emprego com qualidade, uma economia voltada ao mercado interno, crescimento da tecnologia e outros pontos que já são consensos, e que pretendemos consolidar nessa discussão”, afirma.

A reunião ocorreu na sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Além dos anfitriões, participaram membros da Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST).

“Cada central tem sua autonomia e representação de diferentes partidos políticos – sendo que a maioria é independente na base”, analisa Artur Henrique, presidente da CUT. “Queremos incidir no debate com a pauta dos trabalhadores. Não é apenas quem vai ser ou deixar de ser (a candidatura), mas o que queremos como parte da implementação de um projeto político e econômico, sobre que país e que modelo de desenvolvimento a gente quer”.