Após início de negociações, professores de SP suspendem greve

Assembleia da categoria reuniu opiniões divergentes sobre o retorno às atividades ou manutenção da greve. Categoria decide retomar aulas, mas manter mobilização

São Paulo – Os professores da rede de escolas públicas de São Paulo suspenderam a paralisação na assembleia da tarde desta quinta-feira (8), na capital paulista. Os cerca de cinco mil participantes mostraram-se divididos, com parte deles defendendo a continuidade da greve, que completou um mês nesta quinta. Um carro de som alternativo foi posicionado por um grupo de professores que defendiam a manutenção da greve.

Para Carlos Ramiro de Castro, vice-presidente da CUT-SP e diretor da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo), a suspensão da greve “é uma questão tática, não um recuo”. “É importante parar para reorganizar e reagrupar uma vez que o movimento sofreu esvaziamento depois de um mês”, explica.

A presidente da Apeoesp, Maria Izabel Noronha, discursou durante a assembleia no mesmo sentido. “Não há recuo, há sim reconhecimento dos professores que por falta de condição financeira não conseguem passar mais de 33 dias em greve”, expressou.

A possibilidade de ficar sem pagamento em maio quando é pago o salário de março teria sido motivo para os professores em greve irem retornando aos poucos às atividades.  De acordo com uma professora de São Paulo que prefere não se identificar, “ninguém está satisfeito com as condições de ensino e salário”, mas os professores preferiram suspender a greve porque “têm dívidas e têm uma vida bem sacrificada”.

Reunião realizada com o secretário Estadual de Educação, Paulo Renato, um dia antes (7), levou a uma mudança no cenário. Paulo Renato prometeu instalar uma mesa de negociações na próxima semana desde que a greve fosse suspensa e analisar o pagamento dos dias parados.

Eliana Pires Ferreira, professora de Mauá, votou contra o retorno às atividades por considerar que o governo não vai negociar. “Ele [governo] não vai negociar quando estivermos em sala de aula”, afirma.

Mobilização

A assembleia aprovou o fim da paralisação mas definiu a manutenção da mobilização da categoria. “Voltamos às aulas, mas nos manteremos em estado de greve”, explicou Fábio de Moraes, da direção da Apeoesp.

O Conselho de Representantes das entidades que representam o magistério paulista aprovou a utilização do fundo de greve para “socorrer financeiramente os professores em questões emergenciais”. “Não deixamos professores desamparados”, explica Monica Severo, professora de filosofia.

A direção da Apeoesp também decidiu abrir mão do salário para contribuir com o fundo de greve e buscar apoio de outros sindicatos e da comunidade.

De acordo com Moraes, o sindicato vai realizar uma campanha nacional de solidariedade aos professores do estado de São Paulo, lutar pelo pagamento dos dias parados, realizar manifestações com familiares de professores, pais e estudantes e realizar manifestações onde o secretário estiver até que haja negociação efetiva com os professores.

Uma nova assembleia foi marcada para dia 7 de maio, na Praça da República, região central da cidade. Esse é o prazo dado pelos professores para tentar uma negociação com o governo estadual.

Até essa data, a categoria promete organizar concentrações em frente ao prédio da Secretaria de Educação do estado sempre que houver rodadas de negociação.