Presidente da CUT critica Dilma por falta de diálogo e Aécio por oportunismo

Vagner Freitas rebate senador tucano afirmando que há tentativa de criar inflação para atrapalhar reeleição da presidenta, de quem cobra ações efetivas a favor dos trabalhadores

Durante a festa da CUT de São Paulo, Freitas lamentou não ter sido consultado sobre o pronunciamento de Dilma (Foto: Pedro Paulo Ferreira/Fotoarena/Folhapress)

 São Paulo – O presidente da CUT, Vagner Freitas, criticou hoje (1º) a falta de abertura de Dilma Rousseff ao diálogo e o oportunismo do senador mineiro Aécio Neves (PSDB), que tem acusado o governo de leniência com a inflação. “A inflação é um câncer para os trabalhadores. Quem defende trabalhador no Brasil é a CUT”, disse Freitas a jornalistas durante as comemorações do Dia do Trabalho no Vale do Anhangabaú, centro da capital paulista.

Horas antes, na festa da Força Sindical, Aécio afirmou que o governo perdeu o controle sobre a alta de preços, declaracão que provocou críticas dos ministros Gilberto Carvalho (Secretaria Geral) e Manoel Dias (Trabalho), também presentes ao evento. Freitas avaliou que as pesquisas analisadas pela central não têm demonstrado risco de uma inflação mais elevado, embora seja necessário garantir monitoramento constante do problema. 

“Vamos lá. Querer comparar a conjuntura que estamos vivendo com a conjuntura de dez, quinze anos atrás não é uma questão econômica. É uma questão eleitoral”, disse o presidente da CUT, que avaliou que os setores interessados em provocar inflação não apresentam propostas concretas para combater a alta de preços, como as sugeridas por ele, de aumento do mercado interno e de controle dos preços públicos. “Ficamos muito preocupados com propostas que possam criar clima inflacionário. Existe uma corrente conservadora que quer criar clima inflacionário para dizer que o governo perdeu o controle para utilizar isso na campanha do ano que vem.”

Durante a entrevista coletiva, Freitas queixou-se também do tratamento dispensado pelo governo federal às centrais sindicais. Ele criticou especialmente o papel da presidenta Dilma Rousseff, que fará pronunciamento nesta noite em cadeia de rádio e TV a respeito do Dia do Trabalho. “Como a presidenta Dilma não negociou o pronunciamento dela, não houve uma negociação prévia, não sei o que vai falar. Espero que fale algo de importante para os trabalhadores”, disse. “Entendemos que este projeto tem de continuar, não queremos o retrocesso do projeto anterior, mas opinamos que para ter um pronunciamento no 1º de Maio tinha de ter algum ganho importante. Espero que apresente algum ganho, mesmo sem negociação.”

No último dia 6 de março, Dilma recebeu no Palácio do Planalto os presidentes das centrais, quebrando um intervalo de quase um ano. “Não tem cabimento você receber uma pauta no dia 6 de março, com uma marcha com 50 mil trabalhadoras e trabalhadores, sabendo que o 1º de Maio é importante para a classe trabalhadora, e o governo não se pronunciar”, afirmou. Na véspera, ele conseguiu ser recebido em Brasília pelo ministro Gilberto Carvalho, que prometeu a abertura de uma mesa de diálogo permanente para o próximo dia 14. 

O grupo terá sete temas para debater: terceirização de mão de obra, combate à informalidade do trabalho, redução da rotatividade, fortalecimento do Sistema Nacional de Emprego, política de medicamentos, especialmente para aposentados, participação dos trabalhadores em programas de formação técnica e regulamentação da Convenção 151 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que rege o direito de greve no serviço público. “É possível haver acordo, tanto que eles tiraram da negociação dois pontos nevrálgicos para nós, que são o fim do fator previdenciário e a redução da jornada de trabalho porque eles disseram que não vão negociar isso agora. Isso não quer dizer que a CUT não vá continuar pressionando”, avaliou Freitas.