Morre José Ibrahim, sindicalista que enfrentou o regime militar

Em 1968, então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco, parou 3 mil trabalhadores na Cobrasma, para denunciar repressão ao movimento sindical

São Paulo – O sindicalista José Ibrahim, que entrou para a história do movimento sindical após liderar uma greve de 3 mil trabalhadores na metalúrgica Cobrasma, morreu na tarde de hoje (2). Em 1968, o então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco, com 21 anos de idade, parou a fábrica para denunciar a repressão do regime militar ao movimento sindical. Após três dias de paralisação, os militares intervieram no sindicato, cassaram a diretoria, invadiram fábricas, prenderam e reprimiram trabalhadores.

A greve foi o estopim de uma situação. Osasco, na Grande São Paulo, era o centro metalúrgico vital para o país. Novas greves foram realizadas, inclusive na base de Guarulhos. Na década seguinte, novas lutas e novos líderes, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, surgiram inspirados nesse movimento.

Depois disso, José Ibrahim foi perseguido e exilado. Voltou da Bélgica para o Brasil meses antes da Lei de Anistia, em 1979, correndo o risco de ser preso. Seu desembarque em Congonhas teve de ser remanejado, tamanha a mobilização no aeroporto. O voo foi desviado para Viracopos, mas ele não foi preso por conta da presença de 5 mil pessoas que o esperavam no desembarque.

Em entrevista ao Blog do Zé Dirceu, em julho de 2008, Ibrahim contou que começou a trabalhar na Cobrasma ainda menor, com 14 anos, em 1961. “Mas já entrei participando porque eu era politizado, era secundarista e já tinha um certo nível de conhecimento, de literatura marxista e de fazer política.”

Com informações da Agência Sindical