Bancários confirmam greve nacional a partir desta terça

Em São Paulo, no primeiro dia do movimento deve haver adesão apenas nas regiões movimentadas, como o centro e a Avenida Paulista. Expectativa é que o movimento cresça a partir de quarta-feira

São Paulo – Bancários de todo o país entram em greve amanhã (18) por tempo indeterminado. As primeiras paralisações devem ocorrer em agências de regiões movimentadas, como a Avenida Paulista e o centro de São Paulo, onde os usuários poderão utilizar apenas caixas eletrônicos. As compensações de cheques serão feitas normalmente, já que a maioria desses procedimentos envolve empresas terceirizadas.

A expectativa do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região é que, a partir do segundo dia, já haja adesão em agências menores e nas sedes dos bancos, até atingir a dimensão da paralisação do ano passado, quando 42 mil bancários paralisaram 793 locais de trabalho. 

“Os caixas eletrônicos vão funcionar, mas não vai ter atendimento ao público. Greve é greve. É a interrupção dos serviços. Esperamos que o movimento seja forte para poder resolver o mais rápido possível a questão”, afirmou a presidenta do sindicato, Juvandia Moreira, em coletiva de imprensa realizada na tarde de hoje (17), na sede do sindicato. “O cliente não pode ser responsabilizado se perder prazos. Eles têm de cobrar os bancos, que têm essa responsabilidade. Fazer greve é um direito constitucional dos trabalhadores”, afirmou Juvandia. Segundo ela, os banqueiros têm toda condição de chamar para negociação e apresentar uma proposta.

Juvandia lembrou que o Comando Nacional dos Bancários deu prazo até hoje para que a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) apresentasse uma nova proposta. A pauta de reivindicações foi entregue em 1º de agosto, e após nove rodadas de negociação, não houve acordo. Os bancários pedem reajuste de 10,25%, o que representa aumento real de 5%. Os bancos propõem 6%, que engloba aumento de 0,58%, segundo o sindicato. 

Os bancários cobram piso salarial calculado pelo Dieese, de R$ 2.416,38, e aumento dos vales alimentação e refeição, além do fim das metas abusivas e do assédio moral. 

Os trabalhadores também estão na luta por mais contratações. De acordo com o sindicato, as operações de crédito aumentaram 833,68% entre 2001 e 2011 e os lucros, 520,60%. Porém, o número de contratados aumentou apenas 28,9%. “Todas essas operações são feitas por trabalhadores. Por isso, a sobrecarga de trabalho. Todas as agências têm uma demanda por mais empregados, em especial por caixas, que resolveriam o problema das filas”, afirmou Juvandia.

O aumento da Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) também é uma das principais reivindicações. Os bancários pedem R$ 4.961,25 mais três salários. Em 2011 receberam R$ 2.800 mais 2,2 salários. “A provisão para cobertura da inadimplência aumentou muito, o que diminui o lucro líquido e impacta na nossa PLR. Os bancos fazem isso apesar de as pesquisas mostrarem que a inadimplência vem diminuindo”, disse Juvandia.

A dirigente lembrou que o lucro dos sete maiores bancos aumentou 1.054% nos últimos 11 anos, passando de R$ 4,6 bilhões em 2000 para R$ 53,4 bilhões em 2011. No primeiro semestre deste ano, o lucro dos bancos totalizou R$ 25,8 bilhões.