Trabalhadores da GM param via Dutra para protestar contra a montadora

Metalúrgicos de São José dos Campos querem que tanto o governo federal quanto o estadual intervenham para barrar a ameaçada demissão que ronda 2 mil operários

Rodovia ficou parada nos dois sentidos por uma hora e meia; nesta tarde, farão reunião com o governador Geraldo Alckmin (Foto: Sindicato dos Metalúrgicos)

São Paulo – Cerca de dois mil trabalhadores da General Motors de São José dos Campos, no interior paulista, ocuparam nesta manhã (2) a rodovia Presidente Dutra para protestar contra a alteração na produção da fábrica e possíveis demissões na linha de Montagem de Veículos Automotores.

Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos da região, a rodovia ficou parada nos dois sentidos, por uma hora e meia. Em meio ao protesto, as faixas diziam “Dilma cale a boca do Mantega e proíba as demissões”.

De acordo com o presidente do sindicato local, Antônio Ferreira de Barros, o Macapá, a indignação dos trabalhadores se tornou ainda maior após o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em reunião em Brasília com a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), ter descartado na última terça-feira (31) a possibilidade de atuar para evitar demissões na unidade da fábrica em São José dos Campos.

“Em nossa avaliação, a fala da Dilma foi totalmente contrária à do Mantega. Queremos que a presidenta mantenha a fala de que não pode haver demissões nas fábricas. Afinal, quem manda no país?”, questionou Macapá.

Dos quatro modelos que eram produzidos na montadora, o Corsa Hatch, o Meriva e a Zafira foram tirados de linha. Apenas se manteve a fabricação do Classic, ainda assim de forma reduzida. Segundo o Sindicato, a produção diária desse modelo era de 375 unidades e passou para 80. 

Segundo Macapá, a empresa quer importar os modelos da Argentina. “A GM justifica custo, mesmo sendo a mais lucrativa que existe. Só no ano passado foram R$ 8,5 bilhões de ganho, somente em São José dos Campos”, afirmou.

Futuras reuniões

O sindicato se reunirá hoje, às 18h, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, com o governador Geraldo Alckmin. “Queremos imediatamente que se abra um processo de negociação com a empresa e que o governador assuma essa questão. O governo de São Paulo, que também dá incentivos fiscais para a GM, tem a responsabilidade de acompanhar a difícil realidade que os trabalhadores estão vivendo”, disse Macapá.

Segundo o presidente do sindicato da região, a ajuda precisa ser da União, do estado e do município. “Não podemos aceitar perder os nossos empregos para indústria argentina. O Brasil precisa apoiar a produção nacional e o emprego no país”, afirmou.

No próximo sábado (4) está agendada uma reunião envolvendo a empresa, o sindicato, a prefeitura e o Ministério do Trabalho. Nela se definirá a situação dos trabalhadores.

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