Para ministra, “mentalidade patriarcal” atrapalha mulheres no mercado de trabalho

Em palestra durante encontro de metalúrgicas no ABC paulista, Eleonora Menicucci diz que SUS está pronto para cumprir decisão do STF sobre interrupção da gestação de fetos anencéfalos

A ministra considera que o projeto em tramitação no Senado para equiparar salários é uma “quebra de paradigma” (Foto: Antônio Cruz/Arquivo Agência Brasil)

São Paulo – A ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, afirmou hoje (13) que, apesar do desenvolvimento do mercado de trabalho, as desigualdades de gênero persistem. “Isso não depende só do desenvolvimento, e sim da mentalidade patriarcal que construiu essa desigualdade, que diz que mulher tem mais afinidades e está mais preparada para o trabalho doméstico”, afirmou a ministra durante o 2º Encontro das Metalúrgicas do ABC, em São Bernardo do Campo.

Eleonora Menicucci considera que as pesquisas que revelam disparidades entre os salários de homens e de mulheres revelam uma questão cultural. Por isso, ela demonstrou apoio ao projeto de lei em tramitação no Senado para garantir isonomia salarial. “É uma perspectiva que vai mostrar um avanço e uma quebra de paradigma na sociedade patriarcal brasileira.”

A ministra aproveitou o encontro para reafirmar que o governo federal vai promover um esforço para dar cumprimento à decisão desta semana do Supremo Tribunal Federal (STF) de autorizar o aborto em casos de fetos anencéfalos. “Como isso será implementado é uma atribuição do Ministério da Saúde. Não cabe à minha secretaria dizer como será. Só digo que o Sistema Único de Saúde [SUS] está pronto para receber as mulheres, tanto as que querem antecipar o parto quanto as que querem levar a gravidez até o final.”

A  a diretora de Gestão e da Regulamentação do Trabalho em Saúde do Ministério da Saúde, Denise Motta, afirmou que a situação de saúde da mulher ainda é bastante complexa porque os impactos das condições de trabalho sobre o corpo, tanto física como psicologicamente, são muito fortes. Segundo Denise, levando-se em conta que a mulher enfrenta dupla e até tripla jornada de trabalho, uma lesão por esforço repetitivo a impede de exercer tanto seu trabalho quanto as atividades domésticas e o cuidado com os filhos. “E essa, infelizmente, ainda é uma função exercida majoritariamente pela mulher.”

Denise ressalta que a mulher precisa participar mais da organização dos locais de trabalho e dos grupos de prevenção de acidentes para que as demandas sejam incorporadas pelos sindicatos. “Assim, o sindicato pode elaborar um plano de ação fortalecendo a luta, interferindo nas políticas públicas de saúde, e negociar melhor condições de trabalho.”

Para Denise, as condições de trabalho ainda são desfavoráveis para a mulher porque a cultura que vem das relações sociais de gênero também entra no mundo do trabalho. “Aquela visão de que as mulheres têm mais habilidade visual e manual, destreza e delicadeza as coloca em funções do setor eletroeletrônico, em montadoras, mas não em cargos de direção e em outros mais altos”, disse.

Com informações da Agência Brasil

 

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