Piso nacional para operários da construção civil entra na pauta das centrais

Paralisações pontuais nas Arenas Pernambuco e Fonte Nova (BA) denunciam cortes no pagamento, falta de remuneração de horas extras e de auxílio-refeição e plano de saúde. Sindicalistas querem levar reivindicações a Brasília

Obras da Arena Pernambuco, em que operários apoiam movimento por unificação nacional do piso da construção civil (Foto: ©Odebrecht/Divulgação)

São Paulo – A Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical – ambas com grande representatividade em sindicatos da construção civil – sinalizam união às entidades da categoria e à Confederação Sindical Internacional (CSI), para tentar unificar o piso salarial dos operários de todo o país. As greves pontuais que na semana passada foram decretadas por operários das obras da Arena Pernambuco e da Fonte Nova (Bahia), podem ser ampliadas para as outro estádios que deverão ser utilizados para a Copa do Mundo de 2014. Caso não haja sinal de acordo, existe ameaça de paralisação em março.

Ao total, são 25 mil operários em todas as 12 arenas espalhadas pelo páis. Os representantes das centrais e de sindicatos devem seguir para Brasília no próximo dia 15, onde apresentarão ao governo uma proposta e tentar obter um acordo. A reunião teve ter a presença da Secretaria-Geral da Presidência da República, do Ministério do Trabalho e Emprego, e da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Os sindicalistas pedem piso unificado de R$ 1,1 mil para ajudantes de obras, R$ 1.580 para carpinteiros e pedreiros, cesta básica de R$ 350, planos de saúde garantidos ao trabalhador e à família, pagamento integral das horas extras e folgas de cinco dias úteis seguidos após completar 60 dias de trabalho, com transporte cedido pela empresa.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplanagem do Ceará (Sintepav-CE), Raimundo Nonato Gomes, a entidade vem se mobilizando pela concretização do acordo nacional desde o ano passado. “Nossos trabalhadores devem ter as mesmas condições oferecidas nos Estados do Sul e Sudeste, por exemplo. Não é justo que um trabalhador saia do Ceará ou de Pernambuco em busca de trabalho em São Paulo pelas condições (desiguais de trabalho e de salário)”, diz.

Paralisações

A greve em Pernambuco foi considerada abusiva na semana passada pelo Tribunal Regional do Trabalho de Pernambuco (TRT-PE), sob aplicação de multa diária de R$ 5 mil ao Sintepav, no caso de descumprimento. Já o sindicato informou que irá recorrer da decisão e tentar reverter as demissões – que, segundo os sindicalistas, são mais de 500. A Odebrecht alega que as demissões fazem parte de “um novo ciclo de contratação”. O número oficial de desligamentos de novembro do ano passado a janeiro deste ano é de 303.

Os operários da Arena Fonte Nova, na Bahia, fizeram paralisação por dois dias. Os funcionários das obras reclamavam de cortes nos salários, da falta de auxílio-alimentação, que tem valor de R$ 130, e pediam por plano de saúde. Após a abertura de mesa de negociação pelo consórcio responsável, os trabalhadores decidiram retomar o serviço na sexta (3). O estádio está em estágio avançado nas obras e deve ficar pronto dentro do previsto para a Copa das Confederações.

Ainda não há ameaça de greve na Arena Amazônia, em Manaus. Porém, as denúncias dão conta de assédio moral por parte da empresa que comanda as obras, a Andrade Gutierrez. O estádio sediará quatro jogos na Copa de 2014. Os trabalhadores reclamam de maus tratos e há relatos de humilhação frequente. O caso chegou ao Ministério Público do Trabalho, que investiga as denúncias. O procurador Jorsinei Dourado do Nascimento declarou, em entrevista à Agência Pública, que a empresa já recebeu recomendação para adequar sua conduta em até 30 dias.

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