Em greve, trabalhadores dos Correios prometem protesto nacional nesta sexta

Categoria quer melhor proposta patronal alegando o crescente lucro da empresa

Carteiros fazem “enterro” dos Correios em manifestação no DF (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

São Paulo – Por conta do impasse nas negociações entre funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) e a direção da estatal, sindicatos da categoria convocam protesto em várias cidades do país para esta sexta-feira (23). Os dirigentes sindicais criticam a postura do presidente da empresa, Wagner Pinheiro, de só negociar depois do fim da greve, que já dura seis dias.

A diretoria Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) reafirmou sua disposição para negociar. Os grevistas querem fixação do piso salarial em R$ 1.635 (ante os atuais R$ 807) e reajuste de 7,16%(ICV-Dieese) para os demais salários.

A proposta patronal prevê 6,87% (IPCA acumulado de agosto de 2010 a julho de 2011) sem retroagir a 1º de agosto, data-base da categoria. Também propõe a incorporação aos salários de R$ 50 a título de aumento real a partir do ano que vem.

As mobilização da categoria é organizada por 35 sindicatos associados à federação. Nas manifestações, os trabalhadores vão repudiar declarações do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, sobre a “necessidade” do corte no ponto de funcionários que, em greve, não comparecerem ao serviço. Na capital paulista, o protesto partirá do Vale do Anhangabaú, às 15h.

Em outras capitais, como Recife, as mobilizações já começaram desde esta quarta-feira (21). Cerca de 100 trabalhadores dos Correios promoveram ato em frente à Assembleia Legislativa. Eles criticaram o que consideram um processo de privatização sofrido pela empresa, “com a ampliação das atividades da ECT”. Em Brasília, funcionários realizaram um “enterro simbólico” contra a administração de Pinheiro na terça-feira (20). Em cidades do interior de São Paulo, como Jundiaí, também houve protestos.

Segundo Elias Cesário de Brito Júnior, presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Similares de São Paulo (Sintect-SP), o lucro de R$ 500 milhões da estatal no primeiro semestre de 2011, que registra crescimento ante os demais anos, dá “todas as condições” para que haja uma proposta melhor do que a apresentada. “Todo esse lucro só foi possível com a superexploração dos trabalhadores”, acusou.

Para o secretário de finanças da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, valorizar o salário do trabalhador público é investir na qualidade do profissional e da prestação do serviço, no fortalecimento da economia e principalmente no povo brasileiro. Freitas manifestou apoio à mobilização lembrando que o superávit primário do governo federal (economia para pagar juros da dívida) tem de servir para permitir negociação de melhores salários.

Segundo a Fentect, 70% dos 109 mil empregados dos Correios estão em greve, principalmente na região Sudeste. Os Correios afirmam que a adesão à paralisação é de 23%, o que vai normalizando aos poucos a entrega de correspondências e objetos.

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