Desconto no salário não ameaça greve nos Correios, diz federação

Ministro Paulo Bernardo declarou que haverá corte de ponto dos grevistas da estatal

São Paulo – A ameaça de ter as faltas descontadas pelo governo não intimida o movimento grevista dos funcionários dos Correios, segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect). O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, declarou na segunda-feira (19) que, apesar de a greve fazer parte da democracia, a orientação é de que haja desconto no salário de quem faltar ao serviço.

Segundo assessoria da Fentect, a declaração é “mais um método” utilizado para tentar forçar o fim da greve “a todo custo”. A federação diz ainda que, caso seja necessário, os trabalhadores não irão abdicar de dias de greve descontados na folha de pagamento para deixar de buscar melhores salários. Diante de impasse nas negociações com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), o comando nacional de negociação reiterou disposição em seguir em buscar diálogo com a empresa, mesmo em greve.

A paralisação, que dura cinco dias, tem adesão de 80% dos carteiros, com maior representatividade em São Paulo e interior, segundo a entidade. Em estados como a Bahia, 48 municípios têm atividades totalmente paradas. Já segundo os Correios, a adesão cai dia após dia. Em informe da Fentect nesta terça-feira (20), a orientação dada aos funcionários é de que não se deixem levar pelas “ameaças” de Bernardo e do presidente da estatal, Wagner Pinheiro.

Sem proposta patronal aprovada, a empresa continua oferecendo reposição da inflação, de 6,87% mais R$ 50 de ganho real nos pagamentos, sem retroativo. O piso da categoria é de R$ 807. Os funcionários pedem R$ 1.635 e reposição da inflação de 7,16%. Pinheiro afirma que só apresenta nova proposta caso a greve acabe.

Uma passeata unificada está programada para esta sexta-feira (23), organizado pelos sindicatos filiados à federação pelo país.