Brasil está entre 4 maiores usuários de drogas injetáveis

Segundo relatório da ONU, usuários em Brasil, China, Estados Unidos e Rússia representam 45% do total de consumidores no mundo

SÃO PAULO – O Brasil está entre os quatro países que mais consomem drogas injetáveis no mundo, mostrou um relatório anual sobre drogas da ONU divulgado nesta quarta-feira (24).

Brasil, China, Estados Unidos e Rússia têm as maiores populações de usuários de drogas injetáveis e juntos concentram 45% do total de consumidores desse tipo de droga no mundo, estimado entre 11 milhões e 21 mil pessoas.

O Relatório Mundial sobre Drogas, apresentado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, na sigla em inglês) mostrou ainda declínio ou estabilidade no uso de cocaína, opiáceos (ópio, morfina e heroína) e maconha, mas tendência de alta para a produção e uso de drogas sintéticas em países em desenvolvimento.

“As estatísticas sobre drogas continuam falando em alto e bom som. O crescimento desenfreado observado no passado perdeu força e a crise dos anos 90 parece estar sob controle”, apontou o diretor-executivo do UNODC, Antonio Maria Costa. “(Mas) as drogas continuam a exercer perigo à saúde da humanidade.”

Segundo o relatório, entre 172 milhões e 250 milhões de pessoas consumiram drogas ilegais ao menos uma vez no ano passado em todo o mundo. De acordo com a pesquisa, baseada em questionários enviados pelos países à ONU, o uso de drogas injetáveis foi detectado em todas as regiões do mundo, inclusive em países onde ainda não havia sido reportado.

O estudo apontou ainda o Brasil como o maior mercado de cocaína da América do Sul, com cerca de 890.000 usuários, seguido pela Argentina, com aproximadamente 660.000 consumidores.

O país tem também o maior número de usuários de opiáceos na região, com 635.000 consumidores. A maioria usa opiáceos sintéticos, como analgésicos, e apenas uma pequena parte consome heroína, disse o relatório.

Entre as recomendações oferecidas pelo estudo, Costa aponta para a necessidade de maiores investimentos do Estado e mudanças na política de enfrentamento às drogas.

“Quem usa drogas necessita de assistência médica, e não de uma sanção criminal”, disse ele. “Moradia, emprego, educação, acesso aos serviços públicos e ao lazer podem fazer com que as comunidades estejam menos vulneráveis às drogas e ao crime”.
Costa ressaltou ainda o impacto dos crimes relacionados a drogas. Ele admitiu que a criminalização das drogas gera um mercado paralelo, que causa violência e corrupção, mas vê propostas de legalização como “erro histórico”.

“Quem propõe a legalização se equivoca nos dois sentidos”, afirmou. “Um mercado liberado acarretaria uma epidemia de drogas… A legalização não é uma varinha mágica que acabaria tanto com o crime organizado quanto com o abuso de drogas.”

O Relatório sobre Drogas da ONU reúne dados estatísticos enviados pelos países membros e análises sobre o mercado mundial de drogas ilegais, inclusive produção, tráfico e consumo.

Reuters. Todos os direitos reservados. Edição de Maria Pia Palermo.

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