Ansiedade afeta 20% da população da região metropolitana de São Paulo

Pesquisa da Organização Mundial da Saúde realizada em 24 países mostra que a região é a que tem a situação mais grave

São Paulo – Estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que os transtornos mentais afetam quase 30% dos habitantes da região metropolitana de São Paulo. O levantamento, que reúne dados epidemiológicos colhidos em 24 países, revela ainda que a região tem os piores índices entre todas as áreas pesquisadas.

De acordo com os pesquisadores, entre eles Laura Helena Andrade, professora do Departamento e Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina (FM) da Universidade de São Paulo (USP), e Maria Carmen Viana, professora do Departamento de Medicina Social da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a situação é explicada pela alta urbanização e a privação social.

O estudo foi realizado no âmbito do Projeto Temático “Estudos epidemiológicos dos transtornos psiquiátricos na região metropolitana de São Paulo: prevalências, fatores de risco e sobrecarga social e econômica”, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp) e encerrado em 2009.

Das 5.037 pessoas entrevistadas, 29,6% afirmaram ter vivido episódios de transtornos mentais nos 12 meses anteriores à entrevista. Distúrbios relacionados  à ansiedade foram os mais comuns, afetando 19,9%. Em seguida aparecem transtornos de comportamento (11%), transtornos de controle de impulso (4,3%) e abuso de substâncias (3,6%).

As mulheres residentes em áreas menos favorecidas se mostraram mais vulneráveis a transtornos de humor, enquanto os homens migrantes que moram nessas regiões mostraram alta vulnerabilidade ao transtorno de ansiedade.

Os Estados Unidos aparecem em segundo lugar, com pouco menos de 25% de prevalência de transtornos mentais.

Em relação às outras regiões estudadas, a metropolitana de São Paulo também teve a mais alta proporção de casos de transtornos mentais considerados graves (10%), bem acima do estimado em outros 14 países avaliados. Depois da metrópole paulista, os países com maior porcentagem de casos graves foram os Estados Unidos (5,7%) e Nova Zelândia (4,7%).

As altas taxas de criminalidade foram associadas aos quatro tipos de transtornos mentais avaliados, segundo os pesquisadores. A vida agitada nas grandes cidades está associada especialmente ao transtorno de controle e impulso. Já aspectos socioeconômicos também têm impacto sobre o transtorno de abuso de substâncias e interferem na gravidade das doenças.

O estudo sugere a necessidade de fortalecimento e integração de ações em saúde mental no serviço público de saúde.

Com informações da Agência Fapesp

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