Resultados do Datafolha ampliam discussão sobre institutos de pesquisa

Levantamento mostra cenário diferente de outros três principais empresas de pesquisa

São Paulo – Pesquisa divulgada no sábado (17) pelo Instituto Datafolha acirra o debate entre empresas especializadas em levantamentos eleitorais no Brasil. O estudo mostra um cenário diferente do encontrado por Vox Populi, Sensus e Ibope. Nas últimas semanas, a divergência de números acentuou a polêmica.

Enquanto os outros institutos mostram empate técnico ou diferença de até cinco pontos percentuais, o Datafolha tem José Serra (PSDB) com 10 pontos a mais do que Dilma Rousseff (PT) – 38% a 28%, respectivamente. O Sensus, por exemplo, mostrava o tucano com 32,7% contra 32,4 da petista.

A diferença motivou blogueiros a acusar o instituto de fraudar as amostras. O principal argumento de “Os Amigos do Presidente Lula“, autores da acusação, houve mudanças no número de bairros e distritos consultados na pesquisa, movimento que não ocorreu em outros municípios.

Em entrevista ao Terra Magazine, Mauro Paulino, diretor do Datafolha, negou  que tenha havido fraude. “Sempre que nós colhemos as amostras para ter um resultado também por estado, há aumento no número de entrevistas”, defende-se. “Mas isso não significa que o resultado final não seja ponderado para que represente cada estado”, garante.

O argumento de Paulino é que, ainda que o número de entrevistas de eleitores paulistas tenha sido ampliado, o peso atribuído é proporcional ao número de votantes no estado. “Só haveria uma distorção se você não ponderasse os resultados de acordo com o peso eleitoral de cada Estado”, completa.

No início do mês, o diretor do Vox Populi, João Francisco Meira, atribuiu o início da disputa ao comportamento do jornal Folha de S.Paulo que usou saus páginas para questionar o levantamento feito pelo instituto mineiro. “É uma discussão que deveria estar no plano técnico mas, por uma opção editorial, dão outro rumo”, lamentou à Rede Brasil Atual.

Na semana passada, Ricardo Guedes, diretor do Instituto Sensus, qualificou como “político” o questionamento de setores do PSDB a um levantamento encomendado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada de São Paulo. “O questionamento à pesquisa tem origem política, não técnica”, disse Guedes à Agência Estado. “Não sei por que cismaram com a gente”, lamentou.

Partidos

Na pesquisa espontânea, em que os nomes dos candidatos não são apresentados, Dilma aparece um ponto percentual à frente de Serra, 13% a 12%. A diferença está dentro da margem de erro do levantamento (2 pontos para mais ou para menos). Foram ouvidas 2.600 pessoas de 16 anos ou mais nos dias 15 e 16 de abril de 2010.

Segundo dados da pesquisa Datafolha, apenas 28% dos eleitores associam o nome de José Serra ao PSDB. No caso de Dilma Rousseff, 47% sabem que se trata da pré-candidata do PT. No caso de Marina Silva (PV) 20% responderam corretamente a legenda da qual ela faz parte. Para Ciro Gomes (PSB), apenas 7% mencionaram o nome do partido corretamente.

A pesquisa também indica que 38% dos entrevistados votariam no candidato que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicasse. Embora represente um potencial de crescimento importante para Dilma, o dado é bem inferior ao apurado por outros institutos de pesquisa, que chegaram a apontar 52% seriam influenciados decisivamente pelo mandatário da nação.

Nas questões estimuladas, Marina Silva aparece com 10%, seu maior índice na série histórica. Ciro Gomes, por sua vez, tem 9%, pior resultado desde dezembro. Sem o candidato do PSB, Serra ficaria com 42%, contra 30% de Dilma e 12% de Marina.

Cenário 1Col 2
José Serra (PSDB)
Dilma Rousseff (PT)
Marina Silva (PV)
Ciro Gomes (PSB)
Branco/Nulo/Nenhum
Não sabe
38%
28%
10%
9%
7%
8%

Fonte: Datafolha de 17/04

Cenário 2Col 2
José Serra (PSDB)
Dilma Rousseff (PT)
Marina Silva (PV)
Branco/Nulo/Nenhum
Não sabe
42%
30%
12%
8%
8%

Fonte: Datafolha de 17/04

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