‘Não há espaço para as mulheres nas discussões políticas’, critica senadora eleita

Gleisi Hoffmann, que recebeu mais votos ao Senado no Paraná do que o ex-governador Roberto Requião (PMDB), cobra mais incentivos à participação feminina na política

A senadora do PT eleira pelo Paraná, Gleise Hoffman (Foto: Elias Dias/ Divulgação)

São Paulo – Apesar do cenário atípico, por tratar-se de uma eleição presidencial com duas mulheres candidatas, a nova composição do Congresso Nacional praticamente manteve-se inalterada em relação ao atual cenário. Segundo estudo feito pelo Departamento Intersidical de Assessoria Parlamentar (DIAP), a bancada feminina contará com 45 mulheres em exercício na Câmara e 12 no Senado. Para a senadora eleita Gleisi Hoffmann (PT-PR), faltam incentivos à participação feminina na política.

“A estagnação da representatividade feminina deve-se à falta do incentivo que as mulheres precisam para iniciar uma vida política”, afirma, em entrevista à Rede Brasil Atual. Para Gleise, essa configuração é resultado da falta de espaço nas discussões políticas, mesmo na própria sociedade.

Para ela, é indispensável que as mulheres obtenham a mesma representação que os homens estabeleceram no decorrer da história política do Brasil. “Para as mulheres também garantirem voz e espaço na política, ações de fomentação são necessárias para uma maior representação feminina.”

Ela defendeu a adoção de normas mais efetivas para garantir o aumento das vagas ocupadas por mulheres no Legislativo. A minirreforma eleitoral, aprovada em 2009 pelo Congresso Nacional, reforçou a obrigatoriedade da cota de 30% das candidaturas para mulheres nas eleições proporcionais – à Câmara Federal e às Assembleias Legislativas.

Ela defende a adoção de modelos mais arrojados, citando Chile e Argentina, que promovem listas de candidatos exigindo representação igual entre homens e mulheres. Segundo ela, os nomes são intercalados em uma lista fechada. No Brasil, a definição dos eleitos à Câmara Federal e aos legislativos estaduais é dada pelo número de votos de cada concorrente – em um modelo chamado de “lista aberta” – o que mantém distorções ligadas à capacidade de arrecadação de cada campanha.