Erundina doa excedente arrecadado para pagar dívida à Pastoral da Criança

Ex-prefeita ainda tem seus bens penhorados e parte de sua renda mensal retida pela Justiça, mesmo depois da saldar débito da ação popular por defender greve em 1989

A deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) vai doar cerca de R$ 40 mil à Pastoral da Criança e à Pastoral da Pessoa Idosa. O dinheiro representa o excedente da arrecadação que foi realizada para o pagamento de dívida da deputada com a Justiça.

Amigos da ex-prefeita, políticos e muitas pessoas se mobilizaram para ajudar a parlamentar, condenada por um anúncio publicado na Folha de S. Paulo em 1989 em defesa da greve geral de trabalhadores do Brasil.

“A CUT, o próprio PT, outros partidos, até o PSDB, doaram e promoveram jantares para arrecadação. Inclusive adversários meus da época se solidarizaram e contribuíram. Gente simples doou R$ 2, R$ 5, outros R$ 20 mil. O meu partido (PSB) realizou um jantar em João Pessoa que arrecadou R$ 60 mil”, contou Erundina à Rede Brasil Atual no começo deste ano, quando conseguiu quitar o débito de R$ 350 mil.

Nessa segunda-feira (8), em São Paulo, ela anunciou que conseguiu arrecadar R$ 40 mil além do necessário, e que o dinheiro será revertido à Pastoral da Criança em homenagem à missionária Zilda Arns, morta este ano em terremoto no Haiti.

Mesmo com o depósito realizado na conta indicada pelo Poder Judiciário, os bens da ex-prefeita – um apartamento e um automóvel – ainda estão penhorados. Além disso, parte de seus rendimentos mensais são retidos mensalmente como forma de garantir o pagamento.

A dívida é fruto de ação ajuizada pelo cidadão Angelo Gamez Nunez, que se sentiu ofendido pelo comunicado publicado pela então prefeita, em 17 de março de 1989. Na avaliação de Nunez, Erundina aproveitou o espaço na capa da Folha para defender suas próprias convicções.

A deputada, em diversas ocasiões, afirmou que não se arrepende da decisão de defender a greve. “Eu acho que na política e na vida da gente temos que ser consequentes e coerentes. Correr todos os riscos que se fizerem necessários para não termos um discurso e uma prática diferentes entre si”, complementa a deputada.

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