Estadão faz ‘jornalismo panfletário’, diz analista

Alberto Dines, do Observatório da Imprensa, escreve que jornal paulista 'coloca indevidamente o Brasil' ao lado de países onde a liberdade de expressão corre riscos.

São Paulo – O jornalista Alberto Dines, do Observatório da Imprensa, classifica como exemplo de “jornalismo panfletário” a manchete da edição de quarta-feira (22) do jornal O Estado de S.Paulo. O veículo acusava a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) de favorecer o filho do ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) em uma licitação.

“O Estadão ensandeceu”, escreve o analista. Para ele, o jornal paulista transforma “um embate episódico” entre o governo e alguns veículos de comunicação em confronto político. O jornalista considera ainda indevido o paralelo apontado entre o Brasil e outros países – Argentina e Venezuela, conforme o autor – onde a liberdade de expressão e a do exercício do jornalismo estariam em risco.

O programa apresentado por Dines é transmitido atualmente pela TV Brasil. Por isso, o jornalista se coloca na posição de desmentir a ideia de que se trate da “TV do Lula”, como escreveu o Estadão. “O Observatório da Imprensa atacou abertamente o presidente Lula quando fez críticas indiscriminadas aos meios de comunicação. Se a TV Brasil fosse mesmo a TV de Lula, o programa televisivo do Observatório da Imprensa não gozaria deste tipo de autonomia”, contesta.

Dines lembra ainda que foi demitido de diferentes redações por manifestar opiniões que desagradaram direções dos jornais. Artigos de outros jornalistas publicados no site do Observatório serviram, de acordo com ele, para sanções contra os autores pelo mesmo motivo.

Para ele, a cobertura partidária adotada vem substituindo o jornalismo investigativo com “sérios prejuízos para a credibilidade” do jornal (Clique aqui para ler).

Excesso

Para a colunista do jornal Valor Econômico Maria Inês Nassif, os veículos da imprensa entraram em uma armadilha. “(A grande mídia) envolveu-se mais do que devia na campanha e acabou jogando a derrota em seu colo, sem precisar”, escreve. “A radicalização afastou parte dos leitores. (…) Mantendo a linha, terá dificuldades em ampliar o espectro de leitores. Mudando a linha, correrá risco de se indispor com leitores remanescentes”, analisa.